Da mesma forma que Pernambuco conseguiu atrair para Suape um estaleiro inicialmente previsto para se instalar no Ceará, o governo do estado está de olho no empreendimento que a OSX, do bilionário Eike Batista, pretende instalar em Biguaçu (SC). O projeto de R$ 2,5 bilhões está em fase de licenciamento ambiental, mas vem encontrando muita resistência por parte da sociedade e recebeu parecer negativo do Instituto Chico Mendes (ICMBio). O plano B da OSX é o Porto de Açu, no Rio de Janeiro, cujo processo de licienciamento ambiental já foi iniciado.
Questionado sobre o interesse de Pernambuco nesse empreendimento caso ele não se instale nem em Santa Catarina nem no Rio de Janeiro, o secretário de Desenvolvimento Econômico e presidente de Suape, Fernando Bezerra Coelho, informou que o governo do estado já enviou alguns mapas e documentos à EBX, holding das empresas de Eike, e acrescentou que uma visita a Suape deve acontecer ainda neste mês de agosto. "Iniciamos umnamoro", despistou Bezerra Coelho.
Pernambuco conquistou o Promar porque foi rápido no gatilho, oferecendo terreno e licença ambiental prévia. Os acionistas PJMR e STX queriam instalar o empreendimento na área do Titanzinho, em Fortaleza. A prefeita Luizianne Lins, entretanto, bateu o pé e disse que não queria esse "trambolho" na capital cearense. O Promar, agora, vai ser implantado na Ilha de Tatuoca, próximo ao Estaleiro Atlântico Sul.
"Em Suape houve reserva de áreas, o que está permitindo ao complexo receber projetos que não seriam viáveis em outros portos, pois não houve planejamento", comenta João Recena, da Projetec, uma das empresas responsáveis pela elaboração do novo plano diretor de Suape. O contrato para construção de oito navios gaseiros, uma encomenda de US$ 546 milhões, foi assinado entre o Promar e Transpetro no dia 9 de julho. Na construção serão investidos R$ 300 milhões, com expectativa de gerar 10 mil postos de trabalho, diretos e indiretos.
Em Biguaçu, região metropolitana de Florianópolis, a preocupação é com o impacto que o estaleiro da OSX teria sobre os golfinhos que habitam a Baía Norte. Após três audiências públicas, o ICMBio não voltou atrás. A decisão foi deslocada para a sede do órgão, em Brasília. A entidade diz que o problema não é o estaleiro em si, mas sua localização. A região é circundada por três unidades de conservação onde vivem animais que só nascem naquele ambiente ou estão ameaçados de extinção.
Procurada pela reportagem, a OSX informou que os dois processos de licenciamento (Biguaçu e Porto de Açu) correm em paralelo, conforme nota oficial divulgada em junho, e que o plano de negócios da empresa prevê a construção de apenas um estaleiro no país. A empresa preferiu não comentar o interesse de Pernambuco, mas é sabido que o grupo de Eike já atua no porto fluminense através da LLX, implementando o Canal Campos-Açu. A OSX atua nos segmentos de construção naval, afretamento de unidades de exploração e produção de petróleo e gás e serviços de operação e manutenção.
* Colaborou Juliana Cavalcanti
De olho em um projeto bilionário
30/05/2011