Crescimento de PE supera o do Brasil

A economia de Pernambuco cresceu 8,4% no terceiro trimestre do ano (julho/setembro) comparado ao mesmo período de 2009. O resultado é superior ao do Brasil, cujos números apontam alta de 6,7%. A indústria da construção civil alavancou o Produto Interno Bruto (PIB) estadual com 23,5% de crescimento no trimestre, puxada pelas obras de infraestrura no cinturão de Suape e pelo mercado imobiliário. De janeiro a setembro, o PIB pernambucano acumulou alta de 9,4% e de 8,6% nos últimos 12 meses. O desempenho da atividade econômica levou a Agência Condepe/Fidem a projetar entre 9,5% e 10,5% a soma de riquezas para este ano.
 
Os números do PIB divulgados ontem indicam a consistência do crescimento econômico do estado, que vem descolando do desempenho nacional desde 2003. Em valores, o PIB pernambucano totalizou R$ 22,21 bilhões no trimestre. Além do bom desempenho da indústria com crescimento de 8,9%, o setor de serviços teve alta de 7,9% no comparativo com o mesmo período de 2009.

Na área de serviços, as atividades que mais se destacaram no período foram: comércio (11,9%), transportes (15,6%) e atividades imobiliárias, aluguéis e intermediação financeira (10,4%). A agropecuária também cresceu 6,8%, puxada pelas lavouras de cana-de-açúcar, uva e manga. A novidade é a cultura do maracujá com alta de 33,55% no trimestre.

Para Cláudia Pereira, coordenadora de Contas Regionais da Agência Condepe/Fidem, os números do PIB confirmam o bom momento da economia pernambucana. O único dado negativo de julho a setembro foi a queda de 7,4% dos serviços industriais de utilidade pública, motivado pela redução na geração de energia elétrica nas usinas de Xingó e Sobradinho. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) importa energia de outras regiões para suprir a baixa afluência das hidrelétricas do Rio São Francisco.

Mesmo com o recuo em comparação ao segundo trimestre do ano (abril-junho), quando o PIB cresceu 11%, o coordenador da Unidade de Pesquisas da Fiepe, José André Freitas, comemora o acréscimo de quase dois dígitos da atividade econômica no acumulado do ano. ´Há o crescimento consistente da indústria da construção civil, metal-mecânica e farmoquímica que tem puxado o desempenho do PIB`, assinala.

Para Freitas, o corte de R$ 9 bi no orçamento da União anunciado para 2011 não reverterá a curva de crescimento da economia estadual. ´Pernambuco vive um momento peculiar e os impactos dos cortes de recursos federais serão inexpressivos.` Em relação ao Brasil, o porta-voz da Fiepe diz que a redução dos investimentos vai desacelerar o crescimento econômico no próximo ano.

Governo comemora desempenho

Apesar da desaceleração no terceiro trimestre, o clima no governo foi de comemoração ao resultado do PIB. ´Tivemos o segundo maior crescimento do mundo, atrás apenas da China. Passamos a Índia, que costuma ser a segunda`, festejou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que já prevê uma expansão da economia próxima a 8% este ano.

´Com o resultado que nós tivemos, esperamos um crescimento para o próximo trimestre acima de 0,5%. Isso faz com que o crescimento do PIB em 2010 seja superior a 7,5%. Devemos fechar o ano mais perto de 8%, para fechar 2010 com chave de ouro`, disse o ministro durante o anúncio do último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula.

Mantega estima que o ritmo de expansão da economia deve diminuir para a faixa de 5% em 2011, mas o titular da pasta frisou que não há bolha de crescimento na economia e que a trajetória da inflação é benigna.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, também anteviu que o país terá um crescimento próximo a 8% em 2010. ´Falei como presidente Lula sobre o PIB e mostrei para ele que continuamos tendo crescimento, embora proporcionalmente menor, sob uma base maior`, afirmou.

Bernardo, que deixará o Planejamento e assumirá o Ministério das Comunicações no governo Dilma Rousseff, acrescentou que os destaques positivos revelados pelo IBGE concentram-se nos investimentos. ´A situação da indústria mostra que ela alcançou sua capacidade instalada`, destacou.

Para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o PIB confirma diagnósticos anteriores. ´A economia se desloca para uma trajetória mais próxima com o equilíbrio de longo prazo. O fato de o investimento seguir apresentando desempenho positivo indica que o bom momento deve prosseguir`, disse ele em nota.