O estaleiro instalado em Suape vai apresentar, no dia 15 de dezembro, sua proposta para a construção de quatro navios cargueiros para a Vale
No dia 15 de dezembro, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) vai apresentar proposta para a construção de quatro navios cargueiros para a Vale. As negociações entre as duas empresas se aceleraram desde setembro, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Pernambuco para participar da cerimônia do batimento de quilha do primeiro navio do empreendimento. Na ocasião, o presidente criticou o fato de a Vale encomendar navios na China e prometeu reunir os executivos Angelo Bellelis (presidente do EAS) e Roger Agnelli (Vale).
A Vale está encomendando quatro supernavios (para o transporte de minério de ferro) com capacidade de 400 mil toneladas para aumentar sua frota. O desafio do EAS e dos outros estaleiros interessados no pacote será oferecer preços compatíveis com os que os chineses oferecem. Recentemente, durante evento realizado no Recife, Bellelis comentou a dificuldade de concorrer com os preços chineses. O executivo também tem comentado que as encomendas que o estaleiro já tem em carteira ocupam a unidade até 2013. Esses quatro primeiros navios encomendados pela Vale são para entrega em 2013.
Para entregar a encomenda dentro do prazo, o EAS terá que apostar na construção de um novo dique, porque a tendência (para garantir a escala de produção) é se manter fabricando o mesmo tipo de navio. Atualmente, a carteira de encomendas do EAS é integrada por petroleiros suezmax e aframax, além do casco da plataforma semissubmersível (P-55) da Petrobras.
Apesar de as 22 embarcações em carteira só ocuparem 60% da capacidade do Atlântico Sul (com condições de processar 160 mil toneladas de aço por ano), deverá ser necessário o investimento em um segundo dique para acelerar o ritmo da montagem dos navios. O valor médio de um dique do porte que o EAS necessitaria para a operação é de R$ 300 milhões.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho, comenta que a diretoria do EAS já teria procurado o governo do Estado para solicitar uma nova área. Desde que começou sua implantação, o Atlântico Sul já dobrou de tamanho. A área inicial que era de 78 hectares, já chega hoje a 156 hectares.
As discussões sobre a apresentação de proposta de construção de navios para a Vale também incluem o quesito financiamento. Atualmente, os navios construídos pelo EAS para a Transpetro contam com financiamento do Fundo de Marinha Mercante (FMM). Os interessados em fornecer para a mineradora discutem a possibilidade de se adotar um financiamento combinado do FMM, além de recursos dos empreendedores e da própria Vale. Agnelli chegou a dizer na imprensa que a companhia poderia oferecer uma garantia de compra, que facilitaria a obtenção de crédito pelos estaleiros.
Com investimento de R$ 1,4 bilhão, o EAS vai concluir a construção de sua planta industrial em dezembro e entregar o primeiro navio em abril de 2010.
Da redação - Jornal do Commercio