No país que reúne a maior população de diabéticos do mundo (cerca de 8% dos adultos apresentaram a doença em 2008, segundo a Organização Mundial de Saúde), o chocolate pernambucano pode encontrar mercado fértil para expandir suas fronteiras continentais. Com 1,1 bilhão de habitantes, a Índia vem, nos últimos cinco anos, substituindo o consumo do seu tradicional “ghee”– doce supercalórico obtido a partir do refino de manteiga – para o do ocidental chocolate. É nesse mercado ascendente que a pernambucana Cia do Cacau vai testar a aceitação de seus produtos.
Conforme explica diretor da empresa, Marcelo Souza, a ideia é explorar a linha “cacau top”, que atende demanda das classes B, C e D. “Estamos formando preço final, mas já sabemos que o perfil de consumidor do país é bastante popular”. Atualmente, apenas 5% da população indiana integra a classe média. A expectativa é de que esse percentual suba para 40% em 2025. Ao lado de Brasil, China e Rússia, a Índia é um dos maiores emergentes da economia global.
Durante Encontro Índia 2009, ocorrido na última segunda-feira no Sebrae, o consultor de negócios Gauhar Siraj, da Índia Brazil Trade Association (IBTA), apresentou para 12 empresas pernambucanas quais eram os setores da economia indiana que apresentam maiores oportunidades para o mercado local. O segmento de alimentos foi o grande destaque.
Siraj explica que os indianos utilizam o chocolate como lembranças de casamento. “É por isso que para abocanhar esse setor as empresas precisarão investir em embalagens muito elaboradas”.
Quem quiser vender para a Índia deverá modificar propriedades físicas dos produtos. “Atualmente, todos os chocolates produzidos no Brasil começam a derreter a uma temperatura de 25 graus. Na Índia, a temperaturas médias diárias estão entre 35 e 40 graus”, justifica. Em 2008, Pernambuco acumulou desempenho negativo de US$ 11 milhões na balança comercial com a Índia. Na lista de exportação do Estado, destacaram-se os abrasivos químicos, papel craft e as máquinas industriais. Na de importação, os fios de propileno, sementes de cominho e as lâminas de ferro e aço foram os produtos mais representativos.
Da redação - Jornal do Commercio