Polo gesseiro do Araripe

*Inocêncio Oliveira, Deputado.

O polo gesseiro do Sertão do Araripe em Pernambuco é, nos dias de hoje, uma realidade econômica que tem forte impacto na formação do PIB desse Estado, empregando cerca de 13 mil pessoas e suprindo a demanda nacional em 90%. A produção nessa região é de 3,5 milhões de toneladas/ano. O polo engloba as cidades de Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Ouricuri, Moreilândia, Trindade, Santa Filomena e Santa Cruz. Há, nesse entorno, pequenas, médias e grandes empresas, com tecnologia avançada e criando fortes laços comerciais no Sul e Sudeste do país e noutras regiões. Isto ficou evidenciado na recente 1ª Expogesso, que mostrou, também, as potencialidades da região do Araripe, como o cultivo de oleaginosas (mamona, em especial), mandioca e o criatório de bode (caprino), além da cultura do mel que se generaliza em Araripina (município responsável por 25% de todo o mel pernambucano). A ovinocaprinocultura tem destaque e vários investidores no agronegócioestão para aí dirigindo as suas aplicações com rentabilidade a curto e médio prazos, algumas vezes superiores ao criatório bovino.


O governo Eduardo Campos, através da AD Diper (Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco) investiu, nos últimos meses, cerca de 2,7 milhões de reais em ações de apoio às atividades econômicas do Sertão do Araripe, incluindo o chamado "Projeto Triturador" para financiar as empresas do polo gesseiro. O objetivo é evitar a exploração exagerada da madeira no bioma caatinga. Outra ação da AD Diper é a recomposição do Distrito Industrial de Araripina, localizado próximo à BR 316, com uma área total de 39,14 hectares, que poderão ser vendidos a empresas interessadas. São 6 quadras, totalizando 59 lotes. O polo gesseiro de Pernambuco tem uma reserva avaliada em 1,22 bilhão de toneladas, o que é notável, pois representa, segundo estimativas, 40% das jazidas mundiais. No Brasil, utiliza-se o gesso na fabricação de blocos, placas, revestimentos. A indústria de cimento consome boa parte da produção; e o gesso vem sendo, também, consumido em quantidades razoáveis para correção do solo e melhoria da produtividade agrícola. Na construção civil, o gesso substitui, sem problemas, argamassas e tijolos; e seu uso generalizado em forros e divisórias barateia os custos da construção civil. No setor internacional, os produtores do Araripe vem desenvolvendo contatos com produtores espanhóis; e na Europa a aplicação do gesso vem se ampliando. O Sebrae tem, no momento, um APL (Arranjo Produtivo Local) do gesso, para que as empresas ganhem mercado e elevem o seu potencial de competitividade, nacional e internacionalmente. O espírito associativo está muito presente na região do Araripe: o Sindusgesso, de um lado e, de outro, a Assogesso. Produtores de máquinas e equipamentos junto às grandes e médias mineradoras da região, oferecendo uma assistência técnica permanente. Quero mencionar, nesta oportunidade, as personalidades pioneiras de Theotônio Alves Pinto, ainda hoje plenamente lúcido; e de Josias Inojosa que nos deixou muito cedo e que, a partir do Sindusgesso, sempre lutou em defesa dos interesses sociais e econômicos dos produtores de gesso e das populações dos municípios produtores. Meu registro de homenagem a esses pioneiros da história recente da industrialização do Araripe

Da redação - Diario de Pernambuco