As microempresas do polo de confecções fazem parte de uma grande cadeia produtiva que começou há cerca de 60 anos. Um total de 15% de toda a roupa produzida no Brasil vem desses municípios do Agreste. A vida das cidades gira em torno do vestuário. Uma calça jeans que vai parar nas lojas populares do bairro comercial do Brás, em São Paulo, passa pelas mãos das costureiras de municípios como Riacho das Almas (situado a 136 km do Recife). Somente da fábrica de Graziela Maria da Silva, 24 anos, saem 1.500 peças de jeans para o bairro paulistano por semana. Toda a produção é comprada por uma cliente que tem várias lojas no bairro e é natural de outro município do interior de Pernambuco: Lajedo.
A empresa de Graziela começou com ela e o marido, há três anos. O investimento inicial de R$ 30 mil serviu para comprar as primeiras máquinas de costura e o tecido que deu origem às peças que costumavam ser vendidas na feira de Caruaru, a famosa Sulanca. Foi lá que Graziela conheceu a sua principal cliente que hoje compra toda a sua produção. Para atender aos pedidos, o número de funcionários dobrou. Hoje são oito. Cada calça é vendida por R$ 10. Parece pouco, mas o negócio já permitiu que o casal comprasse uma camionete, ampliasse a casa e recuperasse o investimento inicial do negócio. “É a única forma de ganhar dinheiro em Riacho da Almas. Meu pai tinha uma fábrica. Eu sou acostumada com as máquinas de costura desde pequena”. A filha dela de quatro anos também é criada entre as peças de jeans.
O filho de 20 anos de José Acácio de Oliveira também aprendeu tudo sobre o negócio com o pai. Ele, o irmão de 22 anos e mãe ajudam o microempresário na fábrica de jeans, em Vertentes. A família vende a mercadoria na sua loja em Toritama e tem representantes em Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Este ano, eles vão inaugurar mais duas lojas em Toritama. São quatro funcionários em cada unidade. Na fábrica são 32. Os clientes vêm de todo o Norte e Nordeste. São 10 mil peças produzidas por mês. José Acácio trabalhou quase a vida todo na construção civil em São Paulo, Recife e Maceió. Há 16 anos resolve se render ao destino traçado para quase todo mundo que nasce e se cria nos municípios do polo. Não se arrepende. Conquistou muita coisa por causa das máquinas de costura.
Do interior do Estado para todo o Brasil
16/09/2011