Ainda que Pernambuco não seja nenhuma ilha que flutua nas águas do oceano, parece-nos selado o destino desta província no sentido de sintetizar o apreço dos brasileiros pela aventura marítima. Não se fazem, aqui, conquistas menos heróicas e significativas para a história que a dos navegadores lusitanos dos séculos entre o 14 e o 17, quando, superada a fase dos descobrimentos, das chamadas "conquistas", o Brasil veio de ser incorporado aos horizontes de Portugal desde as ilhas São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha e os Abrolhos. O compêndio que temos hoje nas mãos é da história moderna, contemporânea, de um Pernambuco voltado para grandes empreendimentos econômicos.
Não faz muito, deu-se a notícia da construção de moderno e amplo estaleiro quase que a ocupar-se de fornecer à Petrobras uma frota inteira de navios especializados no transporte de equipamentos e apetrechos destinados à ampliação da captura, tanto na terra quanto no mar, do óleo que jaz ainda a dormir nas profundezas inerentes à soberania brasileira ao leste. Chama-se esse estaleiro de "Atlântico Sul", e a pretensão dos observadores é que se trata da maior fábrica de embarcações que se instala na América Latina. Sem contar uma ou duas plataformas de petróleo encomendadas também ao estaleiro, os serviços a ele confiados já pesam o alto investimento de US$ 3,4 bilhões. Disse o Diario de Pernambuco, edição recente, que a carteira de encomendas do estaleiro passou "a ser o símbolo do renascimento da indústria naval brasileira, colocando Pernambuco na rota dos maiores e modernos estaleiros do mundo".
Ao que parece, o surto da construção naval não para nesse ponto, porque virá outro estaleiro, da Galvão Engenharia & Alusa (investimento calculado em US$ 495 milhões), no qual se espera gerar 8,5 mil empregos adicionais à ocupação da mão-de-obra ocasionada pelo "Atlântico Sul". Ao que tudo indica, o segundo estaleiro em causa irá provavelmente suprir a demanda da Petrobras no quanto à aquisição de quase 30 novas sondas para operação em nossos mares.
Outros empreendimentos de elevado porte se anunciam todo o mês, de sorte que já se pensa, em Suape, na construção de três novos ancoradouros, um explicitamente voltado para a exportação do açúcar e outros para a operação de contêineres.
Enquanto, do lado de dentro da grande oficina que é Suape, se oferece esse espetáculo de eficaz desenvolvimento econômico, do lado de fora - vide as páginas dos jornais - se oferecem não apenas centenas de novos empregos, todavia, milhares deles das mais distintas qualificações e especialidades. Não se trata, também neste aspecto, de mera onda de desenvolvimento "que dá e passa", que surge e, de repente, vai embora desaparece. Não, a própria índole e dimensão dos projetos que saem do ovo testemunha que se trata de um processo de longo prazo que não tem tempo para terminar, ao contrário, de um processo que, por suas próprias características, é capaz de induzir o aparecimento de outras iniciativas corajosas e economicamente muito germinativas de novos, de outros sucessos econômicos de vulto.
Expansão industrial
13/07/2011