Vale soma conquistas com produção de uva e vinho

Em 1999, o Vale do São Francisco produzia menos de 500 mil litros de vinho por ano e despertava em muita gente desconfiança sobre a qualidade da bebida. Dez anos depois, a produção anual já chega aos 6 milhões de litros e os vinhos sertanejos estão entre os melhores do país, sendo reconhecidos também no exterior. Os 1,5 mil empregos diretos se transformaram em 10 mil. Mão de obra empregada nas 17 companhias que operam na região, entre elas sete vinícolas.

 

Essas conquistas serão celebradas na sexta edição da Feira do Vinho e da Uva do Nordeste (Vinhuva Fest), que será realizada de 9 a 12 de outubro na cidade de Lagoa Grande, distante 730 quilômetros do Recife. A expectativa dos organizadores é receber 100 mil pessoas nos quatro dias do evento. De acordo com o secretário de Governo de Lagoa Grande e presidente da comissão organizadora, Jorge Garziera, os investimentos na realização da feira - que acontece a cada dois anos - chegam a R$ 2 milhões.

 

A Vinhuva Fest deste ano terá mais de 10 atrações diferentes. Nafeira agroindustrial, pelo menos 30 empresas vão apresentar equipamentos e insumos voltados para o setor. Curso de degustação de vinhos, visitas técnicas e turísticas, exposição de vinhos e uvas, seminários sobre a tecnologia utilizada na produção também estão na programação. Uma inovação neste ano é a feira dos municípios, com 32 cidades convidadas dos estados de Pernambuco, Bahia, Piauí e Ceará.

 

"Também vamos apresentar a região e os produtos para 150 empresários de fora", conta Garziera. A perspectiva da implantação de novos negócios é permanente. O enófilo Jovino Nolasco, consultor da feira, lembra que pelo menos três novas empresas estão em fase de instalação no Vale: duas de sucos e uma de grappa (aguardente de vinho). Uma delas é a Tecnovin, empresa gaúcha de sucos. A fábrica deve ocupar uma área de 10 hectares e os investimentos chegam a US$ 15 milhões (R$ 27 milhões).

 

"O Vale do São Francisco é o segundo produtor de vinhos finos do Brasil, ultrapassando regiões tradicionais, como São Paulo e Paraná.Fica atrás apenas da Serra Gaúcha", destaca Nolasco. Ele destaca também a necessidade de se investir no enoturismo. Segundo o enófilo, atualmente duas empresas da região têm infraestrutura para receber os visitantes. Por dia, são até 50 turistas. Cada um deixa nas lojinhas de US$ 40 (R$ 72) a US$ 45 (R$ 81), bem mais do que os visitantes das vinícolas gaúchas.

 

Os espumantes também empolgam Jovino Nolasco e Jorge Garziera. Por ano, são produzidas no Vale do São Francisco 1,5 milhão de garrafas. O volume é insuficiente para atender a demanda crescente do país pela bebida, em torno de 20% ao ano. "No Vale se produz o segundo melhor espumante do mundo. Só perde mesmo para o Champagne francês", garante, com a confiança nas alturas, o secretário de governo de Lagoa Grande.