Pernambuco pouco está sendo afetado pela crise financeira mundial. Primeiro porque tem baixo volume de exportação. Segundo, porque os chamados investimentos estruturadores estão garantidos e não vão parar. Podem, no máximo, ter seus cronogramas alongados.
Mas aí é que surge a grande janela de oportunidade: o estado terá mais tempo para capacitar mão de obra e preparar as empresas para atender às necessidades desses empreendimentos, garantindo a internalização da riqueza que está sendo gerada.
As atenções se voltam agora, portanto, para o pós-crise.
"Temos que tocar com velocidade o rumo estratégico do pós-crise", disse ontem o governador Eduardo Campos, durante o seminário O Brasil e a crise: uma agenda para Pernambuco, realizado no Recife Palace Hotel. Segundo ele, os mais de R$ 20 bilhões de investimentos previstos para o estado, em projetos como a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul e o polo petroquímico, em Suape, mais a ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco, devem garantir um crescimento entre 3% e 4% este ano.
É pouco, em relação aos 6,8% alcançados em 2008, mas sinalizam uma resistência.
Nesse cenário, os investimentos públicos ocupam uma posição central. Eduardo ressaltou que o governo discute os efeitos dessa crise desde maio de 2008 e essa antecipação teria provocado, por exemplo, uma redução na peça orçamentária em cerca de um terço.
"Tínhamos que nos preparar para uma arrecadação menor, como essa que se efetivou no primeiro trimestre", justificou o governador. No bimestre janeiro/fevereiro, a arrecadação no estado cresceu apenas 6,45%, distante da meta de 9%. Em compensação, o governo estadual já empenhou este ano R$ 601 milhões para investimentos, contra R$ 1 milhão empenhados durante todo o ano de 2008.
Esses diferenciais foram salientados por todos os presentes à mesa. "O que temos que fazer é um esforço para não sermos contaminados pela crise", afirmou o economista e consultor Sérgio Buarque. Deacordo com o especialista, esse esforço supõe alguns deveres de casa, como o investimento em educação e qualificação profissional, em inovação, e o cuidado com o adensamento das cadeias produtivas, para que parte dos empregos indiretos gerados com esses grandes projetos fique em Pernambuco.
Estado espera ganhar com crise financeira
15/07/2011