Indústria pernambucana fecha ano em crescimento

Após dois anos de retração, a indústria de transformação de Pernambuco fechou 2009 com um crescimento de 1,3% em suas vendas reais. Pode até não parecer muito, mas o desempenho foi uma exceção no cenário recessivo do Brasil como um todo, cujo índice médio foi de 4,3% negativos. Os dados foram divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), em sua tradicional pesquisa de Indicadores Industriais.
 
O resultado comprovou a recuperação do setor. Em 2008, o índice de vendas reais em Pernambuco havia recuado 3,8% e, no ano anterior, 2,1%. Tudo isso confrontado com o patamar alcançado em 2006, que havia sido de 8%. A média este ano foi puxada principalmente pelos quatro setores com os melhores desempenhos no acumulado do ano: de máquinas e equipamentos (40,09%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (20,34%), produtos químicos (5,65%) e alimentos e bebidas (4,35%).

O presidente da Fiepe, Jorge Côrte Real, atribui essa retomada do crescimento na indústria pernambucana aos investimentos estruturadores realizados no estado nos últimos anos, que possibilitaram uma reação diante da crise financeira internacional. "Esses investimentos fizeram uma grande diferença, porque, apesar da crise, todos continuaram em seus cronogramas. Isso compensou os problemas vividos no primeiro semestre em alguns segmentos, como o sucroalcooleiro, as frutas tropicais e a metalurgia", comentou.

Esse resultado foi o terceiro melhor entre os avaliados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O que elevou esse desempenho, de acordo com o próprio relatório, foi o comportamento do segmento durante o terceiro trimestre, que reverteu a tendência de baixa verificada até então, de 1,2%. O estudo atribui essa retomada ao aumento das encomendas no mercado interno.

Assim como no faturamento real, a indústria de transformação também assistiu a um aumento no nível de emprego: o indicador médio foi de 2,9%. Foi puxado pelo desempenho do setor de alimentos e bebidas, que cresceu 4,95% nesse quesito e de produtos químicos,de 2,32%. Seis segmentos tiveram aumento no número de vagas, enquanto outros sete sofreram redução.

A maior queda no nível de emprego foi registrada pela pesquisa nos setores de preparação de couro, fabricação de artefatos de couro e calçados, de 24,57%. Também caiu o de máquinas e equipamentos, em 18,30%. Por conta disso, o crescimento não foi tão acentuado quanto nos três anos anteriores, que haviam registrado índices médios de 5,2% (2008) e 12,9% (2007).

Em relação à utilização da capacidade instalada, a pesquisa revelou um aumento da ociosidade na indústria de transformação pernambucana. Em dezembro de 2009, o setor operou com 74,1% da capacidade, índice inferior a novembro do mesmo ano (79,60%) e a dezembro de 2008 (82,48%). Mas o desempenho, de forma geral, já permite aos empresários ver com otimismo as perspectivas para 2010. "Nosso crescimento vem sendo sustentável, devido a esses investimentos. Retomamos o crescimento em 2009 e isso foi bastante animador", disse Côrte Real.