Com 200 metros de comprimento e transportando uma carga de 1.233 toneladas, o navio cargueiro chinês Grand Diamond chamou a atenção de quem passou próximo ao Porto do Recife ontem. Não foi por menos. A embarcação é a maior a ficar atracada na história do Porto. Deve passar 30 dias na capital pernambucana. Trouxe da China 40 guindastes, motoniveladoras e carregadeiras – outras máquinas utilizadas na construção civil, seja no canteiro de grandes obras públicas, seja nas edificações de indústrias. Todos os veículos, avaliados em cerca de U$ 8 milhões, chegaram prontos para serem dirigidos, diferentemente de como ocorre normalmente, quando vêm com seus componentes separados, sendo montados ao chegar no solo.
A mercadoria pertence ao grupo Êxito Importação & Exportação, cujos sócios são pernambucanos e paraibanos. A empresa atua desde 2007 como representante comercial da XCMG, marca chinesa de máquinas pesadas. Seus principais clientes são empresas de locação de guindastes, que lucram alugando os equipamentos às construtoras encarregadas de tocar as grandes obras públicas no Estado, como a Transnordestina, e a construção dos empreendimentos estruturadores, como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul.
As negociações para que a mercadoria fosse trazida pelo Porto do Recife começaram há 30 dias. O grupo pretendia, inicialmente, que a embarcação atracasse no Complexo Industrial e Portuário de Suape. Recebeu descontos em algumas tarifas portuárias, além de terem analisado como mais viável a saída das máquinas pela capital pernambucana, em vez de Suape. Foi a primeira vez que a Êxito realizou uma operação desse porte no País.
Durante o tempo em que estiver em águas recifenses, o Grand Diamond deverá gerar algo em torno de R$ 150 mil em receitas para o Porto do Recife. O valor é oriundo de taxas de armazenamento das máquinas no pátio do Porto e da própria manutenção do navio no cais.
“É um volume inédito. Melhor que a receita é o fato de mostrarmos que o Porto está retomando suas atividades. Há a previsão que uma carga de maior porte venha em abril”, comemorou o presidente do Porto do Recife, Sileno Guedes. O diretor comercial da Êxito, João Roberto Dias Gomes, confirmou que trará 118 máquinas pela capital pernambucana nos próximos dois meses.
Além de gigante, o Grand Diamond é um cargueiro específico para o transporte de automóveis e outros tipos de veículos, como os que trouxe ontem para o Estado. Em linhas gerais, toda a carga entra e sai por uma plataforma com rodas, dispensando o uso de guindastes para içar as mercadorias e pousá-las no pátio do Porto. Essa tecnologia é conhecida como “roll-on roll-off”.
As máquinas que chegaram ontem serão vendidas para todo o País. Outros 40 veículos que vieram no cargueiro da China para o Brasil foram desembarcadas em São Paulo. Pertencem a um grupo importador que dividiu os custos de frete do navio com a Êxito.
Empresa planeja investir R$ 12 mi em montadora
Além de intensificar a importação de máquinas pesadas por portos pernambucanos, a Êxito Importação & Exportação planeja implantar uma montadora de guindastes da marca chinesa XCMG no Estado. O grupo investirá R$ 12 milhões para transformar diversos componentes e peças em veículos prontos em uma área de 9,3 hectares no Complexo Industrial e Portuário de Suape. O planejamento é que a planta chegue a produzir 120 máquinas por mês. O terreno foi licitado pelo governo estadual e adquirido pela empresa, que começou a detalhar o projeto.
A fábrica será estruturada com base em uma unidade fabril do grupo chinês na Polônia, planta precursora dos investimentos da XCMG fora da China. A montadora pernambucana será a primeira na América Latina e, além de atender o mercado brasileiro, deverá marcar presença no continente africano e no resto da América do Sul. “Hoje, uma mercadoria saída da China leva 40 dias para chegar na África. Saindo do Brasil aporta lá em três ou quatro dias”, explicou o diretor comercial da Êxito, José Roberto Dias Gomes.
“O Nordeste é um canteiro de obras”, resume o executivo, justificando os investimentos que pretende fazer no Estado. Segundo ele, já se fala no mercado em escassez de máquinas pesadas para uso na construção civil, tamanha é a demanda na região. Cita como exemplo a Refinaria Abreu e Lima, cuja fase de montagem dos equipamentos depende de um número elevado de guindastes para se concretizar.
“Há também a chegada de grupos empresariais de porte nacional no setor de locação de máquinas em Pernambuco, atraídos pelo potencial do mercado nordestino”, acrescentou o diretor administrativo, José Romero Dias Gomes. A Êxito trabalha com a importação de guindastes, motoniveladoras e carregadeiras desde 2007 e vende os produtos para todo o País.
Cargueiro gigante atraca no porto
02/06/2011