O ministro da Saúde venceu disputa política e conseguiu nomear Romulo Maciel Filho para a presidência da Hemobrás, em construção em Goiana
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, conseguiu vencer a queda de braço política e nomear seu ex-assessor, o pernambucano Romulo Maciel Filho, para o cargo de presidente da Empresa Brasileira de Hemoderivados (Hemobrás), em construção no município de Goiana (Zona da Mata Norte). A cadeira da presidência estava sem titular desde o dia 5 de setembro, quando acabou o mandato do ex-presidente João Paulo Baccara (no comando da estatal desde 2005). A posse do economista pernambucano será na próxima quarta-feira, em Brasília.
A disputa do ministro era com parlamentares do PT e do PMDB, que defendiam a permanência de Baccara no cargo. Pelo menos 60 parlamentares assinaram o manifesto, deixado em julho na mesa de Temporão, pedindo a renovação do mandato do médico hematologista mineiro (ligado ao PMDB). A discussão política é para administrar um orçamento de R$ 150 milhões em 2010 e para comandar um empreendimento orçado em R$ 500 milhões.
A licitação do primeiro bloco da Hemobrás havia sido lançada e a construção do módulo iniciada, mas foi suspensa em abril deste ano por determinação judicial. Com a incerteza da permanência de Baccara, os demais diretores da estatal ficaram em compasso de espera e não relançaram o edital do primeiro bloco, nem aceleram o processo para a abertura das seis demais licitações. A expectativa é que, com a posse do novo presidente, o processo possa deslanchar.
Natural do Recife, Maciel Filho, de 51 anos, é servidor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligada ao Ministério da Saúde, desde 1986. Tem mestrado em Planejamento e Gestão de Políticas de Saúde pela Leeds Metropolitan University (1997) e doutorado pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), concluído em 2007. Seu mais recente cargo foi de vice-presidente de Desenvolvimento Institucional e Gestão do Trabalho da Fiocruz, no Rio de Janeiro, de fevereiro a 31 de agosto deste ano, quando se desligou da função para assumir a Hemobrás. Também atuou como assessor especial do ministro Temporão, em Brasília, de maio de 2007 a dezembro de 2008.
Empresa âncora do Polo Farmacoquímico de Pernambuco, a Hemobrás será estratégica para o Sistema Único de Saúde (SUS), com a produção de seis derivados do sangue – albumina, concentrados dos fatores VIII e IX, imunoglobulina poliespecífica intravenosa, fator de von Willebrand e complexo protrombínico –, produtos usados no tratamento de hemofílicos e que custam R$ 600 milhões ao País em importações por ano. Os hemoderivados deverão atender a 7 mil pacientes hemofílicos do SUS. A parceira tecnológica da estatal é a empresa francesa Laboratoire Français du Fractionnement et des Biotechnologies.
Da redação - Jornal do Commercio