O avanço regional

Esperava-se que a confirmação dos grandes investimentos como a refinaria Abreu e Lima, as fábricas de produtos químicos e a vinda de montadoras de automóveis reanimaria de vez o mercado de trabalho na região.

 

Não deu outra. Durante a crise que assolou a economia mundial do ano passado para trás, o Nordeste terá sido menos afetado que demais áreas do país. As economias estaduais de Pernambuco, Bahia e Ceará expandiram-se por isto a uma taxa superior à taxa sob a qual se desempenhou o restante da economia brasileira. Assinalam os estatísticos e observadores da situação que, enquanto a economia das demais regiões brasileiras encolheu coisa de 1,46% em relação a idêntico período do exercício passado, o Nordeste, ao contrário, expandiu-se obra de 2,2%. Para que se tenha ideia justa do quanto se passa na Região, Pernambuco está a receber o segundo estaleiro de grande porte, para que o estado seja capaz de atender, no rigor dos prazos contratuais, a demanda por navios da Petrobras, por exemplo.

 

Esperava-se que a confirmação dos grandes investimentos como a refinaria Abreu e Lima, as fábricas de produtos químicos e a vinda de montadoras de automóveis para as citadas províncias reanimaria de vez o mercado de trabalho na região. Não deuoutra. Há anos que Pernambuco, por exemplo, não se agita desta maneira como se observa ao pátio das grandes organizações econômicas e escritórios responsáveis pelo engajamento e o encaminhamento das pessoas que ambicionam a obtenção do emprego estável. Completa-se a lição a respeito do avanço econômico encontradiço por aqui com a comparação - entre o Ceará e a Bahia - mostrando que o ganho de Pernambuco no primeiro semestre do ano atingiu 3,8%, o do Ceará, 2,8%, e o da Bahia, 1,6%.

 

Consultoria com sede em Pernambuco, que se especializou na evolução do produto dos Estados da região, assinala que o estudo dos PIBs locais, das variáveis impostos estaduais e federais, comércio, produção industrial e movimentação bancária e tudo o mais revelou que nas áreas em que o Brasil cresceu, " o Nordeste avançou mais"; e nas outras em que houve retração, "os nordestinos tiveram declínios menores". Diz ainda que os mesmos indicadores mostram que "Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão deram os mesmos passos para a frente". Salienta, por outro lado, que a arrecadação do ICMS deste grupo de estados subiu 7,3% nos últimos 7 meses, enquanto o Nordeste como um todo elevou dita arrecadação em 3,87%. Coteje-se com o mesmo número do país: 1,66%. Informa também que no mesmo período o comércio das citadas províncias prosperou 5,4%, o da região como um todo, 5,6% e, todo o país, 4,6%.

 

Os observadores, cujos dados vimos de acompanhar, opinam que, "de certo modo, o Nordeste bancou a política anticrise de outras regiões brasileiras".

 

Buscou-se a opinião de um professor da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, sobre os fatores primordiais que fizeram com que a região nordestina andasse mais que o restante do país. É Alexandre Rands Barros. Ele aponta três fatores como vitais para determinar tão assinalado avanço da região antes conhecida pelo baixo grau do respectivo desenvolvimento econômico e social. Primeiro, o Nordeste exporta relativamente pouco. "A exportação principal dos nordestinos é para o centro-sule sudeste". Segundo, " a crise gerou incertezas, perturbando o humor das indústrias, sobretudo as do setor dos bens de capital". Terceiro, o consumidor nordestino não se desencorajou com a crise, e por isto seguiu consumindo com o mesmo apetite de antes da crise a que aludimos.

Da redação - Diario de Pernambuco