Nos últimos sete meses, Atlântico Sul já aplicou R$ 500 milhões na compra de produtos e serviços oferecidos por 544 empresas pernambucanas
O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de setembro do ano passado para cá, já injetou na economia de Pernambuco exclusivamente em empresas locais cerca de R$ 500 milhões. Esse valor refere-se a pagamentos de serviços realizados por 544 empresas, de acordo com levantamento recém concluído. Os gastos vão desde consultoria ambiental a serviços advocatícios, passando por segurança, obras físicas e refeições.
“O total de gastos locais é ainda maior, isso se refere apenas de setembro até agora e os desembolsos já realizados. Muitos desses gastos fazem parte de contratos maiores e de longo prazo”, afirmou o gerente de suprimentos do EAS, James Murray. São prestadores de serviço e fornecedores de uma longa lista de atividades, como despacho aduaneiro, aluguel de equipamentos, segurança, consultoria empresarial, fornecimento de equipamentos de segurança (EPI), laboratórios entre vários outros. Vai de microempresas e companhias de grande porte.
De acordo com Murray, muito se fala do impacto do estaleiro para o fornecimento de peças para navios, que de fato teve um alcance muito restrito até o momento. Mas pouco se dá atenção ao impacto do estaleiro como demandante de serviços para a sua implantação e funcionamento. Ao mesmo tempo que iniciou o corte de chapas de aço para a construção de parte da plataforma P-51 e dos navios Suezmax contratados pela Transpetro, o EAS está construindo sua estrutura industrial. Ainda falta concluir, por exemplo, o dique seco, importante estrutura de montagem final dos navios. O EAS é um empreendimento que, ao mesmo tempo em que trabalha na estruturação de sua planta industrial, gerencia e executa a carteira de pedidos já existente.
OPORTUNIDADE - A crise econômica também está afetando o setor naval. Fora do Brasil, muitos estaleiros que estavam com a carteira de pedidos cheias estão negociando o cancelamento de encomendas ou o adiamento de entregas – a pedidos dos clientes. Isso fez com que o frete marítimo internacional tivesse expressiva queda. No caso do EAS, o estaleiro tem uma carteira cheia por causa da demanda da Petrobras e os incentivos específicos de construção naval no Brasil, proporcionados pelo Fundo de Marinha Mercante, que oferece juros muito baixos para a construção naval brasileira.
Mas a crise deu ao EAS a oportunidade de contratar encomendas externas com valor mais baixo e prazo garantido. “A indústria naval no Brasil vai de vento em popa. Lá fora estão com problemas, mas isso nos deu uma vantagem. Quando a gente começou o nosso empreendimento, a indústria estava muito aquecida, com fornecedores alegando dificuldades para cumprir prazos. Hoje o mercado está bom para o comprador”, analisa Murray. Segundo ele, o parceiro tecnológico e futuro sócio Samsung foi vital para garantir os prazos inicialmente necessários. Com o projetado desenvolvimento dos campos de petróleo do pré-sal, o EAS ainda teria muitos trabalhos no Brasil para atender. No momento, o estaleiro negocia para construir mais quatro navios Suezmax e três navios Aframax na segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro, subsidiária da Petrobras. Além disso, a empresa estuda se desenvolve também em Suape uma estrutura de construção para equipamentos offshore, de exploração de petróleo em alto mar.
Estaleiro aquece economia local
15/07/2011