Os funcionários do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no Complexo de Suape, brigam contra o relógio para concluir, até o final deste mês, o casco do primeiro navio construído pelo empreendimento. Quem visita o EAS nessa reta final da construção percebe que todas as atenções estão voltadas para o dique seco. A montagem da embarcação está 70% finalizada e vai ganhar mais velocidade a partir desta semana, quando entra em operação o guindaste Goliath - maior em funcionamento no mundo, com capacidade de içar peças de até 1.500 toneladas.
Desde novembro do ano passado, o estaleiro passou a trabalhar ininterruptamente, em sistema de 24 horas. Nem mesmo os feriados escapam do cronograma, com expediente nas festas de fim de ano e no Carnaval. “Em todos os setores do estaleiro só se fala no navio. Eu trabalho na área de logística de chapas e no meu setor também estendemos o expediente caso surja alguma necessidade de emergência e seja necessário liberar alguma chapa de aço”, comenta Honório Alves de Almeida.
Se quem trabalha nos demais setores sente a pressão pela conclusão do petroleiro de nº 1 do Atlântico Sul, o ritmo é ainda mais frenético para quem trabalha dentro do dique. O local é uma espécie de piscina gigante com quase meio quilômetro (400 metros) de extensão e 15 de profundidade (o equivalente a um prédio de quatro andares. Para entrar e sair do dique os trabalhadores precisam descer e subir uma escadaria com 58 degraus, sob o calor escaldante do ano mais quente da história do País. Banheiros químicos e oito freezers abastecidos com água ficam disponíveis para os operários, que precisam sair para se alimentar nos refeitórios, de acordo com o horário de trabalho de cada um.
Hoje, dos 3.400 funcionários do estaleiro, 400 estão trabalhando no dique. Os 80 dekasseguis brasileiros contratados no Japão para reforçar a equipe de soldadores do empreendimento também integram a força-tarefa da montagem.
Dentro do dique, o que antes parecia apenas um amontoado de blocos, já tem a forma de um navio. É possível perceber o desenho da popa, preparada para receber a hélice. Às 5h da manhã da sexta-feira foram iniciados os testes da chamada porta batel. Importada da China, a porta veda a entrada do dique, impedindo a entrada da água. Os testes garantem que não vai entrar água no dique quando a área na frente da porta batel for dragada. Com a conclusão dos testes de inundação, a diretoria de Suape poderá realizar a dragagem na porta do dique para garantir a profundidade necessária para que o navio flutue. A expectativa é inundar o dique com 24 horas antes do lançamento do navio ao mar.
“Estamos contando os dias para ver a saída desse navio. Parece um sonho que isso está acontecendo. Um dia desses tudo estava começando, inclusive a obra do estaleiro”, recorda Honório, que acompanha a evolução do empreendimento não só como funcionário, mas como morador da Ilha de Tatuoca, onde o empreendimento se instalou. Agora falta pouco.
No Atlântico Sul só se fala do 1º navio
01/06/2011