Porto do Recife recebe primeira carga de pás eólicas

    O Porto do Recife recebeu no dia 12 de março a primeira carga de 69 pás de hélices que integram as torres de energia eólica, em uma operação de logística complexa e de alto valor agregado. As pás são grandes peças com cerca de 40 metros de comprimento, leves e sensíveis. Esse é o primeiro descarregamento de 360 peças que foram encomendadas pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) à Impsa Wind Power para a instalação de um parque eólico em Casa Nova (BA), município vizinho a Petrolina, no Sertão do São Francisco.
    A presidente do Porto do Recife, Marta Kümmer, classifica o descarregamento das pás como a comprovação de algumas das qualidades do tradicional porto pernambucano. “Temos águas tranquilas, equipamentos apropriados e localização estratégica para esse tipo de operação”, comentou. O descarregamento e a armazenagem das 360 pás representam uma receita aproximada de R$ 500 mil para o porto recifense.
    Com essa carga, o Porto do Recife se credencia a participar das operações para o recebimento dos equipamentos que, no futuro, serão necessários para a instalação dos diferentes parques de energia eólica no país. Dados da Agência Nacional e Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica) comprovam que o maior potencial de locais para a instalação de parques eólicos está na região Nordeste, em especial na Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará. O país possui um grande potencial na produção de energia de forma alternativa à hidrelétrica.
    As pás importadas pela Impsa chegaram no navio HHL Richards Bay, com bandeira da Libéria. A embarcação carregou no Porto de Houston, Estados Unidos. A carga está avaliada em R$ 75 milhões e é o primeiro de seis embarques que chegarão até outubro, a cada 40 dias. Ao todo, serão 360 peças destinadas ao Parque Eólico de Casa Nova, que terá 120 torres.
    A descarga de peças de proporções gigantescas ocorre sem nenhum impacto na capital pernambucana. O descarregamento é feito por modernos guindastes que operam no cais do porto e a acomodação das pás conta com empilhadeiras adequadas. A saída das pás do Porto do Recife em direção ao sertão baiano será feita por carretas especiais durante noite e madrugada de forma a ser invisível para o trânsito da Região Metropolitana.
    A operação para o recebimento das pás para os parques de energia eólica contou com uma articulação envolvendo também a Receita Federal. O diretor Comercial e de Operações Interior do Porto do Recife, Carlos Vilar, disse que houve um entendimento para a antecipação do alfandegamento do pátio 3/4, de 15 mil metros quadrados. O Porto do Recife segue os protocolos da Receita Federal para a expansão dos pátios e armazéns alfandegados. “Eles são necessários porque estamos tendo grande procura de nossos parceiros”, comentou Carlos Vilar.
    O Porto do Recife considera a carga de projetos destinados à montagem de parques eólicos e grandes indústrias uma operação prioritária. O porto se apresenta como cais preferencial para os grandes empreendimentos no polo de desenvolvimento Norte, como a Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), a fábrica da Fiat e as sistemistas que devem seguir a montadora italiana. As empresas do polo farmacoquímico terão como argumento extra o fato da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) já ter definido o Porto do Recife como entreposto estratégico.