Workshop de inovação e desenvolvimento em Pernambuco da AD Diper reúne mais de 70 representantes de 22 instituições

RECIFE, 22 DE MARÇO DE 2011 – Com a intenção de ampliar ou incentivar o debate sobre o tema inovação e sua relação com o desenvolvimento de Pernambuco, numa perspectiva de continuidade e equilíbrio, 70 pessoas ligadas a 22 instituições diferentes, passaram a manhã de hoje discutindo o tema na Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper). A reunião, batizada de Workshop Inovação e Desenvolvimento em Pernambuco, foi uma parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), de Brasília, e contou com palestrantes do próprio CGEE, da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A intenção é repetir o feito, em breve, trazendo outros temas para disseminar conhecimentos, estimular debates e unificar esforços e projetos.

Abrindo o evento, o presidente da AD Diper, Márcio Stefanni, traçou um panorama sobre o que é a Agência e o quanto são amplos os seus focos de atuação. “A AD Diper tem muitas funções. A ela cabe desde a administração dos distritos industriais, passando pelo artesanato, promoção das exportações e concessão de incentivos fiscais. A amplitude de ações exige a necessidade de planejar estrategicamente o que é a Agência, o que deve fazer pelo desenvolvimento do Estado e de sua população e como pode alcançar seus objetivos. Este é o momento de incutirmos que a atração de investimentos passa pela inovação”.

O primeiro palestrante, o presidente da Facepe, Diogo Simões, traçou o panorama recente do financiamento estadual à inovação tecnológica em Pernambuco, dando ênfase aos programas disponibilizados pelo órgão para apoio à pesquisa liderada por empresas, inclusive para as pequenas.

Ele também lembrou que o Estado conta com uma lei de inovação, regulamentada em 2009, e mostrou que nos últimos editais de subvenção econômica executados pela Facepe, boa parte dos projetos contemplados foi para inovações em tecnologia da informação e da comunicação - TIC (53% de participação em 2008) e no setor metalmecânico (44% de participação em 2010). Ele pediu que a AD Diper se engajasse na missão de auxiliar os empresários a construir melhores projetos de subvenção para ampliar os níveis de aprovação nos editais.

A presidenta do CGEE, Lúcia Melo, também sugeriu que a AD Diper assuma um papel mais atuante relacionado à inovação. “A AD Diper é encarregada dos incentivos fiscais e da atração de investimentos, mas, em minha opinião, falta-lhe uma perna, que é a agenda da inovação. Atração de investimentos, no mundo, todo passa pelos componentes: capacitação, investimento e inovação”, enfatizou.

Lúcia apontou, didaticamente, como a estrutura produtiva local está mudando e o quanto a inovação pode contribuir para tornar o crescimento estadual um processo sustentável. “Transformar pela inovação não é apenas tarefa de Governo. É preciso que se faça um pacto para aproveitar o momento que é rico, com a chegada da Fiat, a consolidação do Estaleiro Atlântico Sul, entre outros. Mas é preciso lembrar que a agenda de pesquisa e desenvolvimento migra, assim como a da manufatura. Então é preciso aproveitar para não perder as oportunidades que estão surgindo agora em cerca de dez anos”.

A coordenadora da Inovação da ABDI, Rosane Marques, explicou como a agência, em parceira com o CGEE constrói suas ações estratégicas, que começam com a criação de estudos prospectivos, a partir de panoramas setoriais. Ela citou os casos do ônibus especialmente desenvolvido para peregrinos feito pela empresa Marcopolo, a análise computacional da dinâmica dos fluídos das aeronaves da Embraer e o algodão colorido desenvolvido pela Embrapa como exemplos de inovações apoiadas.

João De Negri, diretor de Inovação da Finep mostrou que promover a inovação tecnológica baseada no conhecimento é o papel da entidade. O diretor elencou os setores de aposta do Brasil para crescer: TIC, petróleo e gás (exploração e produção de petróleo), petroquímico, energias limpas, aéreo espacial, fármacos e instrumentos médicos, defesa e biodiversidade.

Concentrando seu discurso em torno dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), Cristiane Garcez, assessora da Presidência do BNDES, trouxe os resultados de um estudo sobre políticas para os APLs, feita em 22 estados, envolvendo 200 pesquisadores. O trabalho elaborou mapas, através do cruzamento de dados de APLs apoiados por programas do governo federal, Sebrae, federações de indústria, Senai, governos de estados, entre outros. O estudo também contemplou a análise das balanças comerciais estaduais, apontando para questões relacionadas à inserção subordinada das regiões menos desenvolvidas. “Identificamos oportunidades de investimentos que podem impulsionar uma miríade de APLs e pequenos e médios produtores de bens e serviços nos diferentes territórios brasileiros”.

O economista do BNDES, Tagore Villarim, encerrou as palestras explicando as linhas de financiamento disponíveis para a inovação tecnológica dos empreendimentos e citou as empresas a serem instaladas no Polo Farmacoquímico, cuja implantação está a cargo da AD Diper, como possíveis clientes da linha Profarma Inovação.