Hemobrás contratará 400 pessoas

A Empresa Brasileira de Hemoderivados (Hemobrás) publica hoje no Diário Oficial da União o edital de licitação para construção do primeiro bloco de sua fábrica de hemoderivados em Goiana, a 63 quilômetros do Recife.

Trata-se da câmara fria, estrutura que irá armazenar todo o plasma brasileiro excedente das transfusões de sangue. A construção vai gerar 140 empregos diretos e até 800 indiretos, em serviços como transporte, alimentação e hospedagem. As obras devem ser iniciadas em fevereiro, com previsão de durar um ano.

O edifício terá uma área construída de 2.700 metros quadrados, sendo 570 metros quadrados de câmara fria. "É uma estrutura gigantesca, capaz de armazenar nove mil metros cúbicos, ou um milhão de bolsas de plasma", explica o presidente da Hemobrás, João Paulo Baccara.

Os trabalhos para elaboração do edital começaram ainda em outubro de 2007, após a assinatura do contrato com a estatal francesa LFB, que vai fornecer a tecnologia para fracionamento do plasma.

Durante esse período, foram concluídos e revisados todos os projetos, memoriais descritivos e plantas. A licença de instalação foi emitida. A terraplenagem da fábrica foi iniciada em junho deste ano.

"Tudo foi feito no menor tempo possível, de forma que o objetivo de ter a fábrica operando ao final de 2010 será atingido", completa Baccara. A câmara fria funcionará a uma temperatura de 35°C negativos, operada por robôs.

O investimento total na Hemobrás está estimado em R$ 327 milhões, com capacidade de produzir 500 mil litros de plasma por ano. Na operação, serão gerados 390 empregos diretos e 800 indiretos.

O plasma será fracionado a partir do excedente das transfusões, originando seis produtos - fator VIII, fator IX, fator de von Wilebrand, complexo protombínico (muito utilizado em pacientes hemofílicos), imunoglobulina e albumina. Também serão produzidos hemocomponentes e outros produtos por biotecnologia.

Auto-suficiente - A produção da Hemobrás tornará o país auto-suficente, eliminando R$ 800 milhões gastos anualmente com a importação de hemoderivados. Atualmente, apenas 12 países no mundo detêm essa tecnologia. A prioridade de atendimento é o Sistema Único de Saúde (SUS), depois hospitais privados.

Se houver excedente, será destinado a ações humanitárias, uma vez que a Constituição veda a comercialização de hemoderivados. Já os produtos da área de biotecnologia poderão ser comercializados.

A Hemobrás é a âncora do pólo farmacoquímico de Goiana. Lá também se instalarão a Lafepe Química e a União Química. O quarto empreendimento já confirmado é o da Norvartis - na terça-feira, o governador Eduardo Campos assinou o termo de cessão do direito de uso de um terreno de 37 hectares para instalação da fábrica de vacinas.

O investimento pode ultrapassar R$ 1 bilhão. Negocia-se, ainda, a vinda de uma unidade da Cimed com custo estimado em R$ 20 milhões.