White Martins deve levar gás para o Pólo Gesseiro

A direção da White Martins deve apresentar em janeiro ao governador Eduardo Campos e ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, o projeto para levar o gás natural de Caruaru, no Agreste, até Araripina, no Sertão. Uma distância de quase 700 quilômetros. O projeto surge como alternativa para alimentar o pólo gesseiro enquanto o projeto de interiorização da rede de gasodutos da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) não avança até lá.

De acordo com o presidente da Copergás, Aldo Guedes, o projeto prevê a construção de centrais nas duas cidades. A primeira, em Caruaru, vai transformar o gás em líquido. A segunda, em Araripina, vai desfazer essa transformação. A Copergás se compromete a puxar os ramais para atender às fábricas. O produto será transportado através de caminhões entre as duas regiões. Aldo Guedes disse que o orçamento do projeto ainda não foi divulgado pela empresa.

"Eles (a White Martins) já fizeram um estudo de viabilidade. Ao transformar o produto em GNL (gás natural liqüefeito), ele diminui de espaço 600 vezes. Então dá para transportar por longas distâncias", explicou o presidente da Copergás. A região do Araripe é considerada a maior produtora de gipsita do país, responsável por mais de 90% da demanda nacional, e vem utilizando a lenha e óleo em suas calcinadoras. "É um mercado com potencial de 500 mil metros cúbicos de gás/dia", destacou Guedes.

Segundo o executivo, ainda não existe previsão de quando o gasoduto chegará ao Sertão. Ele calcula que a ligação entre Caruaru e Araripina deve custar cerca de R$ 700 milhões, um dinheiro que nem a empresa nem o governo do estado tem. Por enquanto, existe a perspectiva da inauguração (finalmente) do primeiro trecho do Recife-Caruaru. A ligação até Vitória de Santo Antão estará pronta, garante Aldo Guedes, até o final de janeiro para atender a fábrica da Sadia.

Atrasos

O segundo trecho a ser concluído, em meados do ano que vem, irá até Gravatá. Por fim, a ligação até Caruaru estará pronta no segundo semestre, confirmou Guedes.O investimento total para a construção dos 120 quilômetros vai chegar a R$ 105,8 milhões. As obras do gasoduto foram iniciadas em janeiro de 2005. Pelo cronograma inicial, os trabalhos deveriam ter sido concluídos em janeiro de 2007. Mas, depois de finalizar 70% do trecho, a construtora baiana GDK desligou as máquinas.

A empresa alegou que encontrou muitas áreas com rochas pelo caminho, dificultando a operação. Pediu à Copergás o realinhamento do contrato em quase R$ 50 milhões. A companhia não pagou. Decidiu contratar um estudo junto à Fade (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE) para confirmar se o pedido era válido ou não. Com a resposta negativa, o contrato foi cancelado e uma nova licitação foi realizada. Acabou vencida pela empresa alagoana TecMaster, que retomou a obra em agosto.

O contrato inicial de construção do Recife-Caruaru estava orçado em R$ 95 milhões. Os tubos de aço com 12 polegadas de diâmetro vieram da China e custaram US$ 9,3 milhões. Quando estiver em plena operação, o gasoduto vai atender os mercados industrial, residencial, comercial e automotivo dos municípios de Moreno, Pombos, Vitória de Santo Antão, Sairé, Chã Grande, Gravatá, Bezerros e Caruaru. Terá capacidade de transportar um milhão de metros cúbicos por dia.