Interiorização é prioridade para 2009

Levar empreendimentos para o interior do Estado - uma das principais bandeiras de campanha do governador Eduardo Campos - será uma das preocupações para 2009. O governo fez alguns movimentos na tentativa de tornar a Zona da Mata, o Agreste e o Sertão atrativos aos olhos dos investidores, oferecendo mais incentivos fiscais e melhorando a oferta de serviços e de infra-estrutura. Apesar dos esforços, ainda é preciso acelerar o ritmo da interiorização.

"Vivenciamos um processo histórico de concentração dos investimentos nas regiões metropolitanas. A própria Sudene incentivou a implantação de negócios no litoral", destaca Eduardo. Por enquanto, na lista de empresas que caminharam em direção ao interior estão Perdigão (Bom Conselho), Sadia (Vitória de Santo Antão) e Netuno (Belém de São Francisco), além das companhias que já decidiram fincar bandeira no Pólo Farmacoquímico de Goiana, como Hemobrás, Novartis e União Química.

O governador faz questão de frisar o esforço para consolidar o interior como uma alternativa para as empresas. "Estamos apostando na sustentabilidade hídrica, com obras que somam R$ 1,3 bilhão. Também universalizamos o acesso à energia elétrica e em 2009 queremos universalizar a telefonia, que deverá chegar a 70 municípios onde o serviço não é prestado", adianta. A recuperação e ampliação da malha rodoviária é outro viés do plano de interiorização. Para o próximo ano entram no rol das obras as duplicações das BRs-104 (conhecida como a Rodovia do Jeans) e a 408.

A BR-104, que vai interligar as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, está orçada em R$ 308 milhões. Eduardo diz que o projeto de interiorização prevê o fortalecimento das vocações regionais e o fomento aos arranjos produtivos locais (APLs). "No Pólo de Confecções, por exemplo, estabelecemos um novo tratamento tributário para facilitar a vida dos empreendedores", ressalta.

Já a duplicação da BR-408 vai beneficiar a Zona da Mata Norte do Estado. Com extensão de 49 quilômetros, a estrada segue do TIP (no Curado) até o município de Carpina. O governo defende que a obra poderá funcionar como indutora para resgatar o potencial econômico da região, que com o fechamento de várias usinas precisa atrair investimentos de outros setores.

Se o governo fala em universalização do acesso a água, energia e telefonia, o mesmo não aconteceu com o gás natural, onde o atraso na conclusão do Gasoduto Recife-Caruaru, fez com que o energético não chegasse sequer ao Agreste. "Mas esse foi um problema com a empreiteira que iniciou a obra (a baiana GDK), que queria um aditivo de R$ 60 milhões ao contrato inicial. Quando fizemos uma nova licitação, o valor da complementação da obra ficou em cerca de R$ 20 milhões", compara.

Incentivos

Na área fiscal, o governo estadual aumentou o crédito presumido de ICMS para as microrregiões fora do Grande Recife, que antes não ultrapassava 75%. Pela legislação, a empresa que se instalar na Zona da Mata tem 85%, no Agreste 90% e no Sertão 95% de rebatimento no ICMS. Mesmo com os benefícios fiscais, alguns setores cobiçados pelo governo ainda não deram a resposta esperada. É o caso da atividade calçadista. "Daqui a pouco eu vou pagar para eles virem pra cá", brinca Eduardo, informando que nos primeiros dias de janeiro espera anunciar novos investimentos da São Paulo Alpargatas no Estado. "Eles vão anunciar uma ampliação da Dupé (em Carpina) e uma nova unidade, que deverá ser instalada em Timbaúba", diz. A idéia do governo é resgatar o pólo de couros e calçados que já existiu no município. Sobre a implantação da empresa gaúcha Paquetá, o governador diz que as negociações estão em compasso de espera.

Na avaliação de Eduardo Campos alguns projetos em 2009 poderão impactar na realidade do interior do Estado. Um deles é a primeira experiência de parceria público-privada (PPP) num perímetro irrigado, o Projeto Pontal. Ele destaca, ainda, obras como a adutora do Pajeú e o tão esperado início das obras do trecho Salgueiro-Trindade da Transnordestina.