Dos 39 projetos incentivados pelo Prodepe entre 2007 e 2008, a região do Agreste conseguiu abocanhar mais da metade dos investimentos. Dez municípios vão receber empreendimentos que somam R$ 435,7 milhões, com previsão de gerar mais de 5,2 mil empregos, a maioria na área da agroindústria. Muitos são estruturadores, como as fábricas e laticínios da Perdigão-Batávia, em Bom Conselho, e da Cemil, em Caruaru. A grande janela de oportunidades que se abre, aqui, é para os pequenos e médios produtores rurais.
Em Bom Conselho, a 280 quilômetros do Recife, a população vive um certo clima de euforia. O setor imobiliário é o melhor termômetro. "A especulação imobiliária praticamente quadruplicou o preço dos imóveis, seja para aluguel ou venda", conta Marcos Antônio de Miranda Gonçalves, diretor de marketing da prefeitura. A chegada do empreendimento também mexeu com o preço pago pelo litro de leite. Pulou de R$ 0,40 para R$ 0,72, com promessa de chegar a R$ 0,74 em breve.
Em obras desde fevereiro, a fábrica de laticínios Batavo está 70% concluída, com previsão de começar a operar em junho. A obra mobiliza 400 pessoas, número suficiente para movimentar a cidade, principalmente comércio e serviços. Já a unidade processadora de carnes será inaugurada numa segunda etapa. O complexo, que inclui ainda um centro de distribuição, está orçado em R$ 280 milhões, com geração de 2.350 empregos diretos e indiretos.
Há pouco mais de três meses, a Perdigão vem montando uma rede de relacionamento com produtores locais, captando entre 8 mil e 10 mil litros de leite por dia e instalando tanques resfriadores nas propriedades. Uma empresa foi contratada para fornecer ração para o gado, a fim de melhorar a qualidade do leite. Quando a unidade estiver operando, serão captados 150 mil litros do produto por dia. Essa perspectiva anima produtores como Geraldo Araújo Tenório, que já fornece entre 230 e 250 litros diários para a companhia.
"Antes a gente só fornecia para fabriquetas daqui mesmo e sofria muito com os baixos preços que eram praticados, sem falar que eles não tinham data certa para pagar. Com a Perdigão vai melhorar muito, aliás, já está melhorando", relata Geraldo, que buscou um financiamento de R$ 48 mil para comprar mais 18 vacas, o que vai duplicar sua produção. Também vai investir outros R$ 8 mil para implantar a ordenha mecânica. Na sua fazenda, Papacacinha, a Perdigão instalou um tanque com capacidade para 1,6 mil litros, que também serve a produtores vizinhos.
Bom Conselho produz hoje entre 80 mil e 100 mil litros de leite por dia. Se quiserem aproveitar os bons ventos que sopram no município, os produtores terão que incrementar a produção. Produtor de médio porte, Germano Guimarães Barros, da fazenda Riacho do Barro, planeja buscar financiamento para adquirir um gerador. "Aqui a produção pára quando falta energia", justifica. Germano, o primeiro a implantar uma ordenha mecânica no município, produz 1,5 mil litros diários, porém calcula que pode chegar a dois mil litros em condições mais propícias.
Ainda no segmento de laticínios, estão previstos os empreendimentos da Notaro, em Garanhuns, e o da Betânia, em Pedra, fora o da Goodlat, em Pesqueira, e o da WL S. Pereira, em Tacaimbó. O da Cemil, em Caruaru, vai consumir um investimento de R$ 48,1 milhões, gerando 142 empregos. "Os investimentos são expressivos e desencadeadores de outros investimentos", observa o secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho.
A vez dos produtores do Agreste
18/07/2011