Empresas ignoram crise e apostam em investimentos

Em Pernambuco, a crise financeira que abala a economia mundial, pelo menos por enquanto, não afugentou a chegada de novos investimentos. Antes do apagar das luzes de 2008, o Conselho Industrial de Desenvolvimento Econômico (Condic) aprovou ontem 28 projetos de novas indústrias, 14 plantas de ampliação, um projeto de terceirização industrial, 14 centrais de importação e duas de distribuição. São empresas já instaladas ou que optaram pelo território pernambucano atraídas pelos incentivos fiscais. Os projetos totalizam R$ 585,7 milhões de investimentos e a oportunidade de criação de 4.222 empregos em 2009.

Um dos projetos de destaque aprovados com incentivos do Prodepe (Programa de Incentivos Fiscais de Pernambuco) é a ampliação da fábrica da Companhia Industrial de Vidros (CIV), localizada no município de Vitória de Santo Antão. A empresa aposta na consolidação do Pólo Farmoquímico de Goiana, e já negocia com a Novartis, Hemobrás e União Química o fornecimento de embalagens para suprir a produção local de medicamentos e vacinas. O projeto está orçado em R$ 216 milhões e deverá empregar cerca de 420 pessoas. "A empresa avalia que há boa perspectiva de mercado e de demanda", comenta Jenner Guimarães do Rêgo, presidente da AD-Diper.

Jenner avalia que a crise financeira não alterou a aplicação dos recursos já planejados pelas empresas que decidiram se instalar em Pernambuco. "A pauta de projetos aprovados pelo Condic não surpreendeu o governo. Mesmo no cenário de crise internacional, em novembro e dezembro atendemos várias empresas com a intenção de conhecer os incentivos fiscais e se instalar no estado", pontua. Nos dois últimos meses, pelo menos 16 empresas passaram pelo balcão de atendimento da AD/Diper em busca de informações sobre os benefícios e possibilidades de locação nas várias regiões. Entre elas, um grupo indiano com intenção de formar uma joint-venture (associação) com uma empresa local.

Além do projeto de ampliação da fábrica da CIV, foram aprovados a instalação de uma fábrica de massas e biscoitos da Selmi, no Cabo de Santo Agostinho, com capital previsto de R$ 62,6 milhões e a criação de 400 novos empregos. Outro investimento de porte é a fábrica de laticínios da Cemil que será construída em Caruaru, com investimento de R$ 48,1 milhões e geração de 142 empregos. Durante a reunião do Condic foi aprovado também o projeto de implantação da fábrica de produção de telhas e canos da L.Priori Empreendimentos em Igarassu. Um investimento de R$ 5,8 milhões com a demanda de 19 empregos diretos.

Pela legislação atual dos incentivos fiscais do Prodepe, as empresas que se instalam na área metropolitana do Recife têm o diferimento de 75% de crédito presumido do ICMS. Para as indústrias que optarem pela Zona da Mata o desconto é de 85% no imposto estadual, no Agreste de 90% e no Sertão 95% de crédito presumido.