Petrobras vai investir R$ 140 bilhões a mais

A crise internacional e a queda da demanda por petróleo no mundo levaram o conselho de administração da Petrobras a se reunir ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar aquilo que o mercado já apelidou de "um pacotaço" de investimentos para o período que vai de 2009 a 2013. A ampliação do dinheiro aplicado pela estatal supera os US$ 60 bilhões (cerca de R$ 140 bilhões, pela cotação de ontem): o planejamento anterior falava em investimentos de US$ 112,4 bilhões até 2013. Agora, a meta é de US$ 174,4 bilhões (R$ 407 bilhões). O investimento foi considerado "gigantesco" pelos especialistas no setor.

Em entrevista coletiva na noite de ontem, o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, disse que a companhia vai lutar para desembolsar um valor menor pelos projetos, que foram calculados com base em custos inflacionados. "Vamos lutar fortemente para reduzir os custos dos investimentos", afirmou Gabrielli.

A Petrobras decidiu manter todos os investimentos anunciados para a área de refino, que, segundo analistas, deveriam ser revistos por conta da crise internacional. O segmento vai receber US$ 46,9 bilhões em investimentos. Foram mantidas as refinarias de Pernambuco, com início de operações em 2011, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (2012) e as duas unidades premium (2013 e 2014

O Plano Estratégico da estatal é divulgado anualmente em dezembro mas, no ano passado, não foi apresentado pela empresa, que enfrentava dificuldades de caixa diante do estrangulamento do crédito no mercado internacional e amargava uma retração vertiginosa no preço do barril do petróleo, o que comprometeu o caixa da companhia.

Fontes do setor já adiantaram que a Petrobras "vai jogar pesado" na construção de refinarias de petróleo e no desenvolvimento da chamada camada do pré-sal, que representa uma área com grande potencial de exploração de petróleo. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), calcula que o montante a ser anunciado pela empresa deverá ficar entre US$ 140 bilhões e US$ 170 bilhões. "O número é gigantesco", reconhece. Apesar disso, ele acredita que o anúncio vai funcionar como um antídoto à crise de confiança na economia e que não há garantias de que os investimentos serão de fato colocados em prática nesses volumes se a crise não for atenuada no final do ano. Do total a ser anunciado, apenas R$ 50 bilhões serão efetivamente investidos ao longo deste ano, acredita o especialista em petróleo, mesmo volume aplicado no ano passado.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já reservou R$ 20 bilhões do montante de crédito de R$ 100 bilhões anunciados anteontem para a estatal brasileira do petróleo. "O pacote é político. Com ele, o governo está tentando dizer que a crise financeira mundial não afetou a Petrobras. O que vale realmente é o que será anunciado para 2009.