Melões made in Inajá

Município sertanejo troca cultivo da melancia de olho nas vendas para Europa

 

No município de Inajá, no Sertão pernambucano, agricultores familiares estão trocando o cultivo da melancia pelo melão. A iniciativa visa a exportação para o mercado europeu e pode ser uma boa fonte de renda numa das cidades com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado. O projeto começou através de uma consultoria da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), ainda em 2007, que identificou no cultivo do melão uma oportunidade de negócio.

 

De lá para cá, foi firmado um convênio entre o governo do estado, a Embrapa, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e a Associação dos Produtores de Melão e Melancia de Inajá. Foram escolhidos 15 agricultores familiares, que participaram de um treinamento, e receberam incentivos para cultivarem o melão. "Inicialmente a consultoria seria para instaladores de leite, mas a AD-Diper identificou o potencial de produzir e exportar melão, baseada na experiência de um agricultor que já exportava para a Espanha", conta o secretário de Agricultura de Inajá, Flávio Bernardo de Jesus.

 

Através da AD-Diper, os produtores receberam R$ 500 mil - em sementes, insumos e sistema de irrigação, além da construção de uma casa de embalagens (packing house), onde as frutas são processadas para serem exportadas. Cada melão está sendo vendido a R$ 1 e a expectativa é que sejam exportados pelos pequenos agricultores cerca de 225 toneladas.

 

A exportação é feita através da Inajá Agrícola - a primeira a exportar a fruta para a Espanha e que está sendo a intermediária entre os pequenos e o mercado externo. Até o final de maio, a expectativa é que sejam encaminhadas 770 toneladas da fruta, incluindo a produção da Inajá Agrícola, em três remessas.

 

"A expectativa era de que o preço do melão pudesse chegar a até R$ 2, mas conseguimos R$ 1 - que é um bom preço. Antes, a única produção era de melancia, vendida a R$ 0,20 o quilo. Mesmo que a produção de melão não seja toda aproveitada no mercado internacional, o preço da fruta vendido no mercado local fica entre R$ 0,70 e R$ 0,80, pois as exigências para produção são maiores", explica Thiago Ângelus - coordenador do Arranjo Produtivo Local de Fruticultura da AD-Diper.

 

Segundo Flávio de Jesus, o projeto beneficia cerca de 250 pessoas diretamente no município e outras tantas de forma indireta. "Agora a associação de produtores está se organizando para comprar os insumos para a próxima safra em conjunto, para tentar obter preços melhores". O secretário de Agricultura conta que cada agricultor foi subsidiado para o plantio de um hectare de melão e que alguns já estão pensando em aumentar a área de plantio.

 

"A ideia é que os produtores passem a investir com recursos próprios a partir de agora, porque já estão capacitados. Eles devem reinvestir o que ganharem nesta primeira fase para aumentar a produção", considera Thiago Ângelus, da AD-Diper.