Laboratório de cola de fibrina é inaugurado

A Hemobrás inaugurou ontem o primeiro laboratório para produção de cola de fibrina do Brasil. A unidade funcionará em uma área de 80 metros quadrados cedida pelo Hemope, localizada no andar térreo de suas instalações, no bairro das Graças. Fruto de um investimento de R$ 2 milhões, produzirá em escala semi-industrial até o final deste ano nove litros da substância que é utilizada em diversos procedimentos cirúrgicos para conter hemorragias. Em 2010, a produção passará a ser de 15 litros anuais, podendo chegar a 20 litros em 2011. A expectativa é de que o laboratório comece a funcionar em até 45 dias.


O único cliente do laboratório será o Ministério da Saúde, que repassará toda a substância produzida para suprir a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o Brasil precisa importar a cola de fibrina de países como Áustria e Alemanha, por, em média, US$ 250 o mililitro. “Iremos vender ao Ministério por R$ 250”, afirmou o presidente da Hemobrás, João Paulo Baccara. É praticamente metade do valor – segundo a cotação do dólar de ontem (R$ 1,84), eram gastos até então cerca de R$ 460 por mililitro.
“Uma produção de nove litros anuais parece pouco. No entanto, a cola de fibrina é utilizada em pequenas quantidades. Nove mililitros atendem até cinco mil cirurgias”, explicou Baccara. Enquanto o laboratório pernambucano estava em reforma, a Hemobrás funcionou de forma provisória no Hemorio. Lá produziu seis litros este ano. Oito pessoas irão trabalhar na unidade. São biólogos, biomédicos, engenheiros de biotecnologia e farmacêuticos químicos concursados.


A cola de fibrina é produzida a partir do plasma, uma das substâncias que compõe o sangue humano. Esse será obtido de transfusões e passará por uma bateria de exames biológicos para que seja comprovado estar livre de doenças como Hepatite A, B e C ou do vírus HIV. O produto é utilizado em cirurgias de fígado, ortopédicas, neurológicas, cardíacas e vasculares, odontológicas e plásticas, entre outras.