A ordem, aqui, é prolongar pelo agreste as canalizações que irão trazer, ao interior do estado, as águas que o vulgo chamou de redentoras. Estamos nos referindo às águas do Rio São Francisco. Até poucos meses, muitos se sentiram encorajados a atrapalhar os esforços do governo federal no sentido de abrir passagem para as águas do São Francisco virem até onde for possível a fim de estimular o homem sedento de parte dos nossos sertões e de parte substancial das terras agrestinas à sobrevivência. Assegurada a sobrevivência, é de esperar que esse homem sacrificado e corajoso se torne mais um daqueles habitantes do Nordeste a sair da condição de mero ente vegetativo para a de coadjutor do progresso nacional em todo o comprimento e extensão das palavras.
Os pernambucanos querem deixar de ver o rio passar, eles querem apropriar-se do potencial de riqueza que existe naquelas águas que o caboclo admira com os olhos, mas quer, ardentemente, admirar com os braços. Ele quer trocar o sonho pelo trabalho, sem que isto o impeça de sonhar outras visões ainda mais altas, ainda mais elevadas.
Aqui, a intenção e o pedido revigorado é celebrar os competentes convênios com os órgãos do governo federal, no sentido de viabilizar em tempos práticos a Adutora do Agreste. Trata-se de obra com custos totais estimados em R$ 1,5 bilhão. Graças à relevância da obra para os destinos pernambucanos, nenhum conterrâneo abrirá mão de um ceitil daquela dotação, nenhum estará disposto a esperar mais do que já esperou para que o projeto passasse a ser tocado com o vigor, beneficiando 70 municípios e 80 distritos em nosso estado. A adutora dará continuidade ao Ramal do Agreste que se abrirá no chão como desdobramento natural do Eixo Leste dos serviços de transposição do Rio São Francisco.
O Ramal do Agreste, noticiamos aqui dias atrás, parte da altura de Custódia, no Sertão do Moxotó, para chegar até perto de Arcoverde, no Sertão Central, a quase 260 quilômetros de distância do Recife. O PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - está assegurando R$ 294 milhões aplicáveis até o final de 1010, devendo cobrir estudos, projetos e parte das obras daquele Ramal. Os pernambucanos da área estimam que as obras possam ser tocadas a partir do próximo dezembro. Já a Adutora do Agreste propriamente dita virá seguindo a transposição a partir das proximidades de Arcoverde, de sorte a margear o rio Ipojuca até chegar a Gravatá. Trata-se, contudo, de obra muito grande que, segundo os entendidos, não dá para fazer no decurso de um só governo. Este o risco que se corre. O da descontinuidade.
O reforço e viabilização da original Adutora do Agreste veio como contrapartida do governo federal ao apoio decidido do governo estadual em relação às obras principais da transposição das águas. Toda a bancada federal do estado, no Senado da República e na Câmara dos Deputados, empenhou-se nesse importante trato técnico e administrativo que, afinal, dará vida a um dos grandes projetos viáveis deduzidos aqui.
A população a se beneficiar não tem nada de desprezível: são coisa de 12 milhões de nordestinos que desde dom Pedro II esperam, com as mãos voltadas para cima, pela boa vontade dos homens. Se lhes for dada a água corrente o ano por inteiro, se vier o crédito fácil e encorajador, se não ficarem para as calendas as obras complementares, então, sim, não apenas no Agreste, mas por todo o vasto Sertão, o homem da área conhecerá novos caminhos na busca da realização econômica e social.
Amplitude da transposição
13/07/2011