Sob uma salva de fogos de artifício e o olhar atento de autoridades e operários, cerimônia do batimento de quilha marcou o nascimento do 1º petroleiro
Vestido com o jaleco do Estaleiro Atlântico Sul (com seu nome bordado), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acionou, na manhã de ontem, em Suape, o guindaste que colocou, no fundo do dique seco, o primeiro bloco de aço do navio número 1 do empreendimento. Sob uma salva de fogos de artifício e o olhar atento de autoridades e operários, a cerimônia do batimento de quilha marcou o nascimento do petroleiro, que será lançado ao mar entre janeiro e fevereiro do próximo ano e entregue à Transpetro em abril. Nove mil funcionários participaram da solenidade, cheia de momentos de euforia tanto das autoridades quanto da plateia.
Uma surpresa durante o evento foi a assinatura dos contratos entre o estaleiro e a Transpetro para a construção de sete navios da segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) aguardada desde o ano passado (leia matéria ao lado). No dia de festa, o presidente do Atlântico Sul, Angelo Bellelis, também aproveitou para anunciar o início da construção da Vila Operária dos funcionários do EAS, que terá 1.500 casas e tem data marcada para começar a ser erguida em janeiro de 2010.
Durante seu discurso, o presidente do EAS falou sobre os desafios de construir o site do estaleiro e os navios ao mesmo tempo e fez referência aos que não acreditaram que o empreendimento sairia do papel. “O estaleiro virtual agora é real e tem 22 encomendas em carteira. Quem tem isso?”, questionou, em tom de comemoração.
O executivo paulista, que assumiu o leme do empreendimento há um ano, fez questão de dar uma demonstração da sua pernambucanidade adquirida. “Inclui no meu vocabulário a palavra arretado, que quer dizer força, gana, vontade, alegria, realização e batalha”, disse sob aplausos dos operários. “Nós funcionários do EAS somos arretados e vamos juntos entregar cada navio que tivermos que entregar, com esta força e honradez que o pernambucano tem”, concluiu o discurso, com a aprovação dos espectadores.
O presidente Lula, que durante a solenidade recebeu das mãos de Sérgio Machado (presidente da Transpetro), uma miniatura de uma quilha de navio, ressaltou que o empreendimento é a fotografia de que o brasileiro voltou a acreditar em si, contrariando o que aconteceu em anos de estagnação vividos pelo País. “Eu fico imaginando o tempo que este País perdeu nos anos 80 e 90. Vinte anos é uma geração. E aquela geração perdida, a gente está vendo agora sendo preso um moleque de 20 anos por estar no crime organizado. É resultado do desgoverno que este País passou durante muito tempo”, assinalou.
Ao longo de seu discurso, o presidente Lula também repetiu uma história que tinha contado em setembro do ano passado, quando esteve em Suape para a cerimônia do início do corte das chapas de aço do Atlântico Sul. Ele lembrou que a Petrobras poderia economizar US$ 100 milhões se importasse uma plataforma de petróleo ao invés de construir no Brasil, mas que ainda assim se apostou na retomada da indústria naval no Brasil. “Não tem dividendo melhor do que ver a cara dessas meninas e desses meninos (numa referência aos operários) recebendo salário, por conta que a Petrobras tomou a decisão de fazer as coisas aqui. Esse é o dividendo, essa é a distribuição de renda, essa é a sociedade justa que nós vamos construir neste País”, destacou.
O governador Eduardo Campos relatou a sua satisfação em ver filhos de cortadores de cana e pessoas que nunca tiveram emprego nos municípios de Ipojuca, Cabo, Moreno, Ribeirão e demais cidades pernambucanas, ocupando vagas no empreendimento. “Este é o maior estaleiro de todo o hemisfério sul e foi construído com o suor de diversos pernambucanos. O Atlântico Sul traz a marca da visão de Estado do governo do presidente Lula, além de simbolizar a luta pela desconcentração econômica e a construção de um País mais justo”, discursou.
Estaleiro constrói 1º navio
13/07/2011