Ferrovia entra nos trilhos em Salgueiro

A construção do trecho da ferrovia Transnordestina que vai de Salgueiro a Trindade, em Pernambuco, custará R$ 452 milhões e vai gerar mil empregos.

A obra, de 163 quilômetros, foi iniciada ontem numa cerimônia comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste município e deverá ser concluída em um ano.

De acordo com o Ministério dos Transportes, a previsão é a de que os ramais que ligam Trindade a Eliseu Martins (PI) e Salgueiro ao Porto de Suape sejam iniciados em maio.

O maior trecho, que vai de Missão Velha a Pecém, no Ceará, de 527 quilômetros, deverá começar a ser construído por último, em julho deste ano.

A Transnordestina está orçada em R$ 5,4 bilhões e é um dos maiores projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A vontade do governo federal é terminar tudo até o fim de 2010, mas a demora na concessão das licenças ambientais e na desapropriação de terras vem emperrando o cronograma.

O primeiro trecho a ser iniciado ainda em junho de 2006, de Salgueiro a Missão Velha (CE), tem 93 quilômetros, mas até agora apenas 10 quilômetros ficaram prontos.

O restante aguarda a colocação dos trilhos e dormentes, conforme pôde constatar Lula em um sobrevoo de helicóptero.

Num dos canteiros da obra, o presidente cumprimentou trabalhadores, subiu num trator como já virou praxe e tocou uma sirene para que as máquinas começassem a funcionar.

Na cerimônia, em Salgueiro, Benjamin Steinbruch, presidente da Companhia Siderúgica Nacional (CSN), afirmou que a empresa está fazendo a sua parte e pediu agilidade na liberação de verbas. A CSN é controladora da Transnordestina Logística S/A.

"Aquilo que compete a nós vai ser feito. Agora, peço que não faltem recursos para que em um ano a gente entregue essa obra. Não faltando recursos, entregaremos a Transnordestina pronta no ano de 2010", reforçou.

A engenharia financeira do projeto é complexa e envolve recursos próprios da CSN, do governo federal e financiamentos através da Sudene e de bancos oficiais.

Recado a Steinbruch - Lula, falando diretamente a Steinbruch, disse que a empresa poderia contratar todas as frentes de trabalho, simultaneamente, que dinheiro não vai faltar.

"Antes de deixar a presidência quero ver se pego esse trem em Pecém até Suape e em Suape até Pecém, indo até Eliseu Martins", discursou. Segundo o presidente, a obra é uma excelente alternativa para geração de emprego nesta época de crise.

"Decidimos, no governo, que todas as obras do PAC que puderem ser contratadas 24 horas por dia, em três turnos, nós vamos contratar", salientou Lula.

O presidente revelou estar "vivendo a realização de um sonho" e lembrou um episódio das eleições presidenciais de 1989, que disputou e perdeu para Collor (Fernando).

"Na volta, o doutor Arraes (Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco) falou para mim:

'se você ganhar as eleições eu queria que você tratasse com carinho a Transnordestina'", contou, acrescentando que não foi fácil fechar sua engenharia financeira.

Segundo ele, foi preciso enfrentar muitos problemas e preconceitos.

A ministra da Casa Civil e virtual candidata à presidência da República, Dilma Rousseff, declarou que "a Transnordestina não é uma obra qualquer". "Se fosse no passado, olhando só os critérios financeiros e mercantis, essa obra não teria saído", alfinetou.

"Uma ferrovia não transporta só mercadorias. Ela transporta oportunidades" frisou.

Lula veio a Salgueiro acompanhado por seis ministros (Ciência e Tecnologia, Integração Nacional, Transportes, Casa Civil, Previdência Social e Comunicação Social) e três governadores - Eduardo Campos (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI) e Cid Gomes (PSB-CE).