Câmaras Setoriais: reuniões virtuais avaliam impactos da Covid-19 no estado

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Os encontros estão acontecendo de forma remota com os presidentes de sete câmaras

 

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As Câmaras Setoriais passaram a ter um novo propósito com a pandemia da Covid-19. Importante fonte de interlocução e de alinhamento entre o Governo de Pernambuco e os principais setores produtivos do estado, os grupos discutem, agora, como ajudar cada setor diante da atual situação econômica e humanitária. Os encontros estão acontecendo de forma remota com os presidentes de sete câmaras, por meio de videoconferências, sob coordenação da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper). As pautas emergenciais das Câmaras Têxtil e Confecções; Leite e Derivados; Sucroalcooleiro; Avicultura; Audiovisual; Ovinocaprinocultura e Gesso já foram levantadas.

De acordo com o presidente da AD Diper, Roberto Abreu e Lima, o momento é de aproximação e alinhamento de discurso. “Estamos mantendo o contato permanente e aberto com a classe empresarial e com os agentes econômicos. É um momento de troca fundamental para que todos saibam como está sendo o impacto do coronavírus em cada setor produtivo”, esclarece.

Um dos resultados já vistos pela sociedade e intermediado, também, com o apoio dos entes das câmaras setoriais é o caso do polo têxtil e de confecções. No início de abril, as empresas do polo receberam o incentivo do Governo do Estado, para que as empresas passassem a confeccionar Equipamentos de Proteção Individual, como batas, máscaras e protetores para os pés, para as empresas do segmento promoverem a adaptação necessária. Cerca de 80 empresas já estão com suas linhas de produção na ativa.

A ação é dividida em três eixos: apoio técnico, financeiro e consultoria comercial, para fazer o produto chegar ao consumidor final. Manuais para produção e selo de conformidade para as máscaras de tecido foram disponibilizados pelo Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco (NTCPE), enquanto uma linha de crédito de R$ 50 mil por empresa foi anunciada pela Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE). No que diz respeito às vendas, a equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico tem aproximado as empresas do polo de marketplaces nacionais e de pontos de venda fĩsicos.

Segundo o presidente da Câmara Setorial da Avicultura, Josimário Florêncio, a cadeia tem mantido boa demanda de pedidos, já que o consumo de ovos e aves é intenso. “Tomamos todas as providências sanitárias necessárias, além de proibir visitas nas granjas e exigir a utilização de todo o equipamento de segurança para nossos colaboradores. De forma prática, nossa luta é pensando no longo prazo, quando precisaremos conquistar os incentivos sobre os insumos, sendo o principal fator de gastos na criação dos animais”, relata. De acordo com dados da Associação Avícola de Pernambuco (AVIPE), o estado é o 4º maior produtor do Brasil e maior do Nordeste, entregando mais de 12 milhões de ovos por dia e 14 milhões de frango por mês aos consumidores. O setor gera mais de 160 mil empregos diretos e indiretos, espalhados em 120 cidades no estado.

Apesar dos bons números, Florêncio alerta para a queda no consumo de codornas, o que vem preocupando os empresários do setor. “Os distribuidores relatam queda de 90% nas vendas e no faturamento. Por ser um petisco, na hora da escolha no supermercado as pessoas acabam escolhendo outro produto. Nosso receio é que os produtores acabem fechando as portas”, detalhou.

Outro segmento impactado pela atual conjuntura é o sucroalcooleiro. “Estamos diante de um freio no consumo, mas acreditamos que isto não deve perdurar. Na câmara nosso diálogo é franco e construtivo. Elencamos os possíveis pontos que podem ser analisados pelo Governo para que possam ajudar, atenuando essa dificuldade de competitividade e consumo”, reforça Renato Cunha, que preside a câmara do setor e o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).

Já o polo gesseiro tem sentido de forma mais intensa os impactos da pandemia. Com mais de 14 mil trabalhadores atingidos, o setor busca apoios e medidas para o pequeno produtor. De acordo com a presidente da Câmara Setorial do Gesso, Ceissa Campos, a iniciativa do governo, de consultar os principais setores, é imprescindível para entender a realidade atual do estado. “Muitos empresários estão com dificuldade para realizar suas atividades. Grande parte do produto é destinada a São Paulo e outras regiões do Brasil que estão sendo fortemente impactadas. Estamos vendo junto à AD Diper e a Agência de Empreendedorismo (AGE) uma forma de conceder empréstimos para os pequenos produtores. Essas pequenas empresas precisam de recursos para o capital de giro”, pontua.

Segundo Abreu, além de uma prestação de contas das ações do Governo, as reuniões também servem para avaliar o melhor momento para a volta das atividades. ”Estamos relatando todas as ações que o Estado têm feito no combate à epidemia, desde a parte sanitária (com a montagem da estrutura de leitos de enfermaria, UTI e compra de equipamentos), até a importância das medidas de isolamento. Também começamos a coletar subsídios, informações e sugestões dos empresários em relação a melhor forma que o governo poderá começar a reduzir esse isolamento”, adianta.