Articulação do Governo estadual e da Prefeitura do Recife com empresa norte-americana garantirá construção de 500 km de fibras óticas para conectar Estado à Internet Global

Recife, 06 de setembro de 2019 - Capital de um dos mais avançados parques tecnológicos do Brasil, o Recife acaba de selar sua entrada na rota mundial de tráfego de dados em alta velocidade. A capital pernambucana - que movimenta mais de R$ 2,1 bilhões em faturamento somente com as empresas do Porto Digital - ganhará uma rede de transmissão via cabos submarinos, que integram o sistema responsável pela quase totalidade das comunicações transoceânicas feitas no mundo.
O investimento de mais de R$ 200 milhões na implantação desta infraestrutura de ponta vem sendo costurado pelo Governo de Pernambuco e pela Prefeitura do Recife há cerca de dois anos, com investidores dos Estados Unidos.
A nova condição posiciona o Estado estrategicamente no novo mercado global de dados, aumentando a competitividade local. O aporte é da empresa norte-americana Seaborn Networks, sediada em Boston, Massachusetts (EUA), em parceria com empresários pernambucanos. A Seaborn já implantou 260 mil km de cabos óticos submarinos em todo o planeta, o que daria para dar mais de seis voltas ao redor da Terra, a partir da linha do Equador.
A conexão que chegará ao Recife será de 500 quilômetros, fazendo uma “ponte” entre a capital pernambucana e a já existente estrutura de 10,5 mil km de cabos do SeaBras-1, que começa em Nova York e vai até Praia Grande, em São Paulo, pelo fundo do mar. A velocidade de transmissão será de 12 Tbps (terabits por segundo) e a tecnologia a ser implementada é da Alcatel-Lucent, empresa global de telecomunicações sediada na França.
De acordo com os investidores, a operação está prevista para o segundo semestre de 2021, um ano após o início da implantação da infraestrutura submersa. “Vivenciamos uma experiência recente de industrialização do nosso Estado, com a atração de diferentes segmentos da indústria. E, logo na sequência, buscamos investimentos que nos colocarão no mesmo patamar das economias mais inovadoras do mundo. A parceria da Seaborn com investidores locais vem reforçar nossa condição estratégica no Nordeste, abrindo um grande conjunto de alternativas para a instalação de novos empreendimentos e a ampliação de uma série de outros, gerando mais empregos e renda”, destaca o governador Paulo Câmara.

O cabo submarino põe o Recife em conexão direta com São Paulo, capital financeira do País, e Nova York, o que amplia exponencialmente as possibilidades de negócios para Pernambuco. “Estamos falando da implantação de um sistema que garante segurança de dados e que mobiliza diversos outros setores econômicos. Este investimento consolida a nossa posição como hub logístico e de infraestrutura no Norte e Nordeste, será um ponto forte no pacote de vantagens de Pernambuco para continuar captando novos negócios”, avalia o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach.
“Vale ressaltar que é um cabo diferenciado, por estar fora das rotas dos furacões do Caribe”, acrescenta a secretária executiva de Políticas de Desenvolvimento, Maíra Fischer, que também acompanhou as negociações do projeto nos últimos dois anos.
‘DATA’: O PETRÓLEO DO SÉCULO 21
Com os cabos submarinos de fibra ótica, é possível transmitir dados como voz, imagens e mensagens em altíssima velocidade. Este serviço representa um mercado que valerá US$ 21 bilhões em 2023, em nível internacional. Para se ter ideia, a eficiência e a segurança nesse modelo de cabo de transmissão de dados é utilizada na comunicação entre a bolsa de valores de Nova York e a B3 (BM&FBovespa), bolsa brasileira. Além de uma conexão sem “parada” no meio do trajeto, a novidade deve reduzir os custos de transmissão.
Há dois anos que a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado buscavam, de forma proativa, atrair investidores para a implementação de infraestrutura desta qualidade. “O que o petróleo foi para o século 20, ‘Data’ é para o século 21. Pernambuco estudava de que forma poderia se posicionar e procurou todos os players globais. Um deles, a Seaborn, encampou o projeto e agora está se viabilizando”, frisa Bruno Schwambach.
“O Governo de Pernambuco já dispõe da rede de fibra ótica terrestre, com cerca de 1,2 mil quilômetros ligando o Recife a Araripina. Serão conectados 20 municípios polos ao longo desse trecho, garantindo internet de alta velocidade de até 10 Gigabytes. Com a chegada do cabo submarino, vamos interligar Pernambuco ao mundo”, reforça o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Aluísio Lessa.
VANTAGEM COMPETITIVA PARA O SETOR DE SERVIÇOS
A economia recifense, que tem quase 60% do seu PIB de R$ 49,5 bilhões por ano atrelado ao setor de serviços, será bastante beneficiada com a conexão ao cabo submarino da Seaborn e Recife Co. Principalmente por um aspecto: dispor dessa vantagem competitiva passará a atrair empresas que ainda não estão instaladas no Recife, mas dependem de comunicação direta com as Américas, Europa e Ásia.

“Esse investimento mostra a força do nosso polo tecnológico e abre as portas para que possamos explorar todo o potencial do nosso setor de serviços modernos. Esse é o caminho que projetamos para o futuro da economia do Recife e nos coloca numa posição competitiva entre os principais centros de excelência do mundo na produção de tecnologia”, enfatiza o prefeito da cidade do Recife, Geraldo Julio.
A notícia também é vista com otimismo pelos dirigentes do Porto Digital, parque tecnológico de classe internacional que abriga 330 empresas, 880 empreendedores e gera 10,7 mil empregos diretos. “Passamos a ter infraestrutura adequada para abrigar grandes players de tecnologia. Uma série de novos investimentos serão feitos aqui por conta dessa ligação direta”, avalia o presidente Pierre Lucena.
“No médio prazo, a gente prevê a chegada de Data Centers, validados a partir da conexão submarina. Isso coloca a economia do século 21 no radar de Pernambuco, por ser o novo vetor de desenvolvimento econômico. A partir da ligação, a gente consegue criar uma política de atração desses empreendimentos e expandir todo o setor de serviços, que é importante também para a atração de novas indústrias”, ressalta a secretária estadual Maíra Fischer, responsável pelas políticas de desenvolvimento no Governo do Estado.
O polo pernambucano de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é o terceiro maior contribuinte de ISS (Imposto Sobre Serviços) do Recife, atrás de saúde e educação. O faturamento apenas do Porto Digital, hoje, supera os R$ 2,1 bilhões por ano.
RITMO ACELERADO - Até o momento, mais de 80 empresas anunciaram a realização de novos investimentos ou a expansão de seus empreendimentos no Estado, segundo levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Juntas, as empresas deverão promover a geração de mais de 22,4 mil novos empregos após instaladas. Com o projeto do grupo Recife Co., os aportes na economia, por sua vez, ultrapassarão os R$ 13,5 bilhões.
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OPINIÃO
“Entramos na primeira classe da internet mundial”
*Silvio Meira
Presidente do Conselho do Porto Digital, consultor do C.E.S.A.R e pesquisador da FGV Rio
Essa é a melhor notícia sobre infraestrutura em Pernambuco num período de muito tempo. Passamos a ter uma conectividade proporcionado por uma infraestrutura de fibra ótica submarina de última geração - e essa é a geração mais recente, sofisticada, de maior velocidade, confiabilidade e de menor latência que há. O tempo de delay desse cabo é muito baixo: na prática, Recife passa a estar no mesmo patamar de conectividade global de São Paulo e Nova York. Entramos, agora, na primeira classe da internet mundial.
Isso faz com que o Recife se torne um ponto estratégico na conectividade brasileira à internet global, começando a passar por aqui não só este cabo, mas uma parte significativa das comunicações digitais e interações entre o Brasil e o mundo. Até porque estamos falando de uma disponibilidade de banda muito grande, no Recife, como parte de um investimento extremamente significativo.
Pernambuco está lutando para criar essa saída há muito tempo. Podemos comparar esse momento como uma espécie de abertura de “portos digitais” às nações do mundo. Se olharmos lá para 1808, tivemos a abertura dos portos do Brasil para as nações amigas. O que estamos fazendo agora é uma abertura não só do Estado para o mundo inteiro, porque a internet é global, mas estabelecendo Recife como um dos pontos centrais desta conectividade nas Américas.
São três grandes impactos simultâneos. Primeiro, passamos a ter acesso a uma infraestrutura que nunca tivemos, com essa qualidade e performance; segundo, o estabelecimento do Recife como parte da estratégia brasileira de conectividade com a internet global; e o terceiro é a gama de novas possibilidades econômicas que esse cabo abre para negócios digitais, o que vai muito além do Porto Digital. Esse investimento vai irrigar todo o sistema de conectividade ao redor do Recife e tem impacto em todo o Nordeste oriental.
Recife acabou de entrar no grande jogo de conectividade da internet global. E na primeira divisão.
Atenciosamente,
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