O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem a liberação de R$ 9,89 bilhões em títulos públicos para a Refinaria de Abreu e Lima, que, embora não tenha orçamento fechado, agora tem custo estimado em US$ 12,29 bilhões (pouco mais de R$ 22 bilhões, pela cotação de ontem). A aplicação do financiamento deve ser comprovada pela empresa até o final de 2010. Como é de praxe nos financiamentos do BNDES, os investimentos serão fiscalizados em operações trimestrais.
O montante integra os R$ 25 bilhões concedidos a Petrobras em julho último, quando estabeleceu-se que o valor seria dividido entre a Refinaria – que ficou com a maior parte –, a Petrobras S.A, que levou R$ 9,41 bilhões, e a Transportadora Associada de Gas (TAG), com R$ 5,7 bilhões. Trata-se da maior operação de financiamento já contratada pelo BNDES.
“Tomamos todos os cuidados para não financiar projetos que estavam sendo alvo de questionamentos na CPI. O dinheiro de agora servirá para novas aplicações”, afirmou Lúcia Weaver, chefe do departamento de Gás, Petróleo, Coogeração e outras fontes de energia do banco. O volume de crédito é muito próximo do valor global de contratos de fornecimento da refinaria, em análise pela Petrobras, de R$ 9,62 bilhões.
Segundo ela, a iniciativa de desembolsar o valor em títulos públicos – procedimento inédito na história do BNDES – partiu do Tesouro Nacional. “As cifras são muito altas. Se o banco optasse por trocar todos os títulos de uma vez só geraria um grande problema de liquidez no mercado. Conforme as empresas forem executando seus projetos, venderão os títulos para obter recursos financeiros”, explica.
O financiamento da refinaria deixou Pernambuco em terceiro no ranking em volume de dinheiro concedido pelo BNDES no primeiro semestre deste ano. Somando o montante aos R$ 1 bilhão liberados para outros setores, o Estado ficou atrás apenas do Rio de Janeiro (R$ 19,3 bilhões) e São Paulo (R$ 15,2 bilhões). “Só investimentos de grande porte como a refinaria são capazes de alvancar a participação de Pernambuco nos financiamentos do BNDES. O Estado tradicionalmente fica bastante atrás da Bahia na soma anual”, explica Paulo Guimaraes, chefe do departamento regional Nordeste do BNDES. Em 2008, a Bahia recebeu R$ 3,1 bilhões e Pernambuco não ultrapassou R$ 1,6 bilhão.
No entanto, mesmo descontando a participação da refinaria, o Estado teve aumento de 55% nos recursos recebidos de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período de 2008, saltando de R$ 645,1 milhões para R$ 1 bilhão. “O setor que mais contribuiu para isso foi da indústria de transformação, que está diretamente ligado a construção dos dez navios da Suezmax no Estaleiro Atlântico Sul”. Os destaques foram o segmento de outros equipamentos de transporte, que recebeu desembolsos de R$ 512,6, e o de máquinas e equipamentos, para o qual foram liberados R$ 31 milhões.
Refinaria vai receber R$ 9,89 bi do BNDES
13/07/2011