Tecon terá novo pátio em Suape

ITCSI investiu US$ 10 milhões na ampliação das operações do porto

 

Brasília - Quase meio século depois da primeira visita oficial das Filipinas ao Brasil, a presidente filipina, Gloria Arroyo, desembarca na próxima semana no Recife. A delegação, composta por ministros e empresários, pretende fechar vários acordos bilaterais para troca de tecnologia nas áreas de energia e agricultura e até do programa Bolsa-Família. Em Pernambuco, a missão da presidente é a inauguração do novo pátio de armazenagem do Terminal de Contêineres do Porto de Suape, o Tecon, o maior investimento dos filipinos no país, do grupo International Container Terminal Service (ITCSI).


O ITCSI investiu US$ 10 milhões na ampliação das operações do porto, arrendado ao grupo por 30 anos, em 2001, em licitação do governo estadual. Agora, será ocupada toda a área prevista no projeto, no total de 300 mil metros quadrados. Até 2011, os filipinos devem investir US$ 75 milhões, incluindo também a aquisição de novos equipamentos para as operações no pátio, queteve os investimentos antecipados por conta da demanda na movimentação de contêineres. No ano passado, foram movimentadas 294,5 mil TEUs (cada unidade equivale a um contêiner de 20 pés).

 

As obras começaram em novembro do ano passado e poderiam ter sido inauguradas em maio, mas a direção da empresa decidiu aguardar o agendamento da visita oficial da presidente. No estado, o único compromisso de Gloria Arroyo além do Tecon, no dia 23, é um jantar na noite anterior com o governador Eduardo Campos. Ainda na terça-feira, ela viaja a Brasília, onde se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a embaixadora das Filipinas, Teresita Barsana, há interesse comercial da missão, principalmente na área de energia.


Fortes na área de tecnologia, os filipinos querem desenvolver a produção de biodiesel a partir da cana-de-açúcar, com ajuda dos brasileiros. Uma lei no país obriga que seja adicionado 5% de álcool etanol aos combustíveis. Essa proporção deve aumentar para 10% em quatro anos. Hoje, o biodiesel no país tem como base o coco, com toda produção para consumo próprio. Por isso, na agenda está previsto um encontro em São Paulo com empresários do setor. Segundo Barsana, a expectativa é que seja assinado um acordo de cooperação mútua entre os dois países na área de agricultura, com destaque para a questão do biocombustível.


O que traz os empresários filipinos para o Brasil é a semelhança ente os dois países, no que diz respeito ao clima tropical. Como no Vale do São Francisco, a produção de frutas típicas, incluindo a manga, é forte no país, um arquipélago com mais de 7 mil ilhas. Os filipinos também são produtores de cana-de-açúcar, que exportam para a Europa, e tradicionais na área marítima e portuária. A embaixadora acredita que a Câmara de Comércio e Indústria Filipina deva assinar um termo de cooperação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de acordos na área agrícola entre a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Instituto de desenvolvimento da Agricultura das Filipinas.


Bolsa-Família - O governo filipino também pretende levar conhecimento na área social. O Bolsa-Família, grande vedete do presidente Lula, pode ser parcialmente importado pelo país. Teresita Barsano explica que nas Filipinas já existe um programa de transferência de renda, mas em menor escala, já que o país não dispõe de muitos recursos. Segundo ela, há um interesse do governo em conhecer a estruturação do Bolsa-Família para desenvolver um modelo mais forte em seu país.