Fuxiqueiras vão à Fenearte

As costureiras de Quipapá sonham alto. Querem que seus produtos de moda feminina sejam conhecidos em outros estados e até mesmo fora do país. A primeira meta já foi traçada: desfilar uma coleção na Feira Nacional de Artesanato (Fenearte), que acontece no Recife sempre no mês de julho. Para este ano elas não conseguiram se preparar a tempo, mas no ano que vem com certeza vamos ouvir falar da moda feminina com fuxico, típica de Quipapá, na feira.

 

Enquanto a Fenearte não chega, as fuxiqueiras pensam em escoar sua produção dentro do próprio município. Elas aguardam apenas a instalação do maquinário prometido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, que deve chegar no início deste segundo semestre, para começar a produzir em maior escala. A essa altura, o curso já deve ter passado da teoria à prática. "A prática é importante, mas é a teoria que vai dar respaldo para o trabalho delas", defende a instrutora de moda Adriana Bacci.

 

Atualmente, as máquinas disponíveis na sede da associação pertencem ao Senac, responsável por ministrar as aulas. Pés no chão, as costureiras sabem que não pode dar um passo maior que a perna e esperar a hora certa para comercializar os produtos em maior escala. "Temos que saber o que temos e o que podemos oferecer. Não adianta querer pegar encomenda e não dar conta do trabalho", ressalta Lucinéa Melo de Lima, a presidente da Associação das Costureiras de Quipapá.

 

Lucinéa, 37 anos, também aprendeu a costurar com a mãe, mas antes de mergulhar na costura foi enfermeira e cursou faculdade de pedagogia. Ela lembra que, no final de 2008, levou um jogo de banheiro para mostrar em um encontro de trabalho em Fortaleza. Resultado: recebeu uma encomenda para fazer 32 jogos num prazo de dez dias. "Na época era muita coisa, éramos poucas fuxiqueiras e não conseguimos dar conta. Foi frustrante", lamenta.

 

De certa forma, a experiência funcionou como aprendizado, transformando a concepção de mundo das mulheres simples. E foi justamente o poder de transformação que atraiu a comerciante Fátima Matias, 41 anos, para a associação. "Sempre gostei de artesanato e sempre gostei de aprender coisas novas. Aqui a gente está se habilitando, aprendendo novas técnicas. Se o trabalho for conduzido corretamente, tem tudo para dar certo".