Polo gesseiro busca nova matriz energética

TRINDADE - Se o polo gesseiro do Sertão do Araripe não quiser transformar-se num simples ponto de extração de gipsita, terá que encontrar uma nova matriz energética que faça da região um centro competitivo. Para isso, o Senai, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Sindicato da Indústria do Gesso (Sindusgesso), encomendou um estudo técnico sobre novas opções que substituam de forma mais eficiente os combustíveis mais utilizados hoje: madeira ilegal da caatinga e o coque, derivado do petróleo.


O medo do setor é que com a chegada da ferrovia Transnordestina – cujo trecho que contempla Trindade está previsto para 2011 –, o mercado consumidor passe a buscar gesso em localidades que receberão facilmente matéria-prima escoada a partir do Sertão. “A Transnordestina poderia levar a gipsita para outros Estados para produzir (gesso) com gás natural de queima direta com maior eficiência”, pontua o presidente do Sindusgesso, Josias Inojosa Filho.


“O estudo é indispensável para garantir ao parque de produção de gesso do Araripe competitividade. Queremos encontrar uma equação entre fonte de energia e tecnologia de calcinação que seja ecologicamente sustentável e economicamente rentável”, pontua o diretor regional do Senai, Antônio Carlos Maranhão.


Hoje, o Araripe é responsável por 95% da produção de gesso do Brasil. Gera cerca de 13,2 mil empregos diretos e algo em torno de 76 mil indiretos. Mas a questão de matriz energética é o principal gargalo do setor. O estudo custa ao Senai cerca de R$ 450 mil e será feito pela Projetec Consultoria, do ex-secretário de Planejamento de Pernambuco, João Recena. O relatório preliminar deve ser concluído em janeiro do próximo ano.


LOGÍSTICA
Na manhã de ontem também foi assinado um protocolo de entendimento entre a Transnordestina Logística (antiga Companhia Ferroviária do Nordeste) e o Sindusgesso para reserva de espaço na ferrovia para escoamento de 1,5 milhão de toneladas de gipsita e gesso para todo o Brasil e exterior por ano a partir de 2011. “Hoje temos que vencer pelo menos 800 quilômetros para chegar aos portos ou às regiões metropolitanas do Nordeste. É um raio que dificulta nossa chegada ao mercado e encarece sensivelmente nosso custo, fazendo com que percamos competitividade”, diz Inojosa.


Trindade recebe até amanhã a primeira Expogesso. Empresários do sul do País foram trazidos para a cidade para conhecer a produção local. O evento é promovido em parceria com a prefeitura e com o Sebrae, que organiza rodadas de negócios.