A conclusão da primeira etapa da dragagem do Porto do Recife promete tornar Pernambuco mais competitivo no comércio exterior. Com o aumento da profundidade dos berços portuários para cerca de 10 metros, o Porto passa a receber navios com capacidade de até 45 mil toneladas de porte bruto (TPB), uma demanda de setores exportadores como o sucroalcooleiro que, no ano passado, respondeu por quase 32% das exportações pernambucanas, mantendo o açúcar como principal produto exportado pelo Estado. O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, diz que a dragagem é emblemática para as trades e as Bolsas de Nova Iorque e de Londres onde são negociados, respectivamente, o açúcar a granel e o ensacado que saem de Pernambuco.
“O Porto do Recife não garantia os prêmios por rapidez, chamados de dispatch, dados pelas Bolsas aos portos que fazem os embarques mais rápidos. Não era um porto prioritário para os importadores. Eles preferiam o açúcar de outras origens”, afirma, certo de que a situação deverá mudar. “As bolsas começam a identificar a origem de Pernambuco como geradora de dispatch. Uma dragagem gera um ciclo virtuoso, traz uma grife de rapidez e eficiência para um porto que precisa ser conquistada e mantida”, completa.
Para o presidente da agência de navegação Agemar, Manoel Ferreira, a dragagem trará uma redução nos custos de operação que eram maiores pela limitação da capacidade de movimentar cargas – alguns navios vinham vazios e isso onerava as operações. “Não tínhamos economia de escala”, resume, prevendo a atração de novas cargas e até a volta da movimentação de contêineres pelo Porto do Recife, especialmente para a cabotagem. “Poderá haver um incremento de cargas com o impacto positivo que será gerado na cadeia logística”, afirma Ferreira.
O presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) do Porto do Recife, Reginaldo Lafayete, que visitou ontem a draga responsável pela retirada de cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos da área interna do porto, destacou a importância do serviço para acompanhar a evolução do comércio marítimo. “Com o avanço das tecnologias de navegação, se um porto não tiver calado (profundidade), fica fora do mercado”, afirmou.
Na visita, acompanhada por outros integrantes do CAP, o presidente do Porto do Recife, Alexandre Catão, anunciou a contratação da draga Volvox Delta, com uma cisterna de 8 mil metros cúbicos, o dobro da que realizou a primeira etapa da dragagem, para agilizar o serviço no canal de acesso, o porto externo. A previsão é que a draga chegue até o dia 20 de julho do Porto de Paranaguá e conclua a dragagem até meados de agosto.
Porto do Recife fica mais rápido com dragagem
14/07/2011