Em busca de alternativas para a crise

Acreditar no próprio potencial e seguir em frente. Essa foi a receita dos produtores do Vale do São Francisco para enfrentar a crise econômica que vem afetando o País e o mundo nos últimos tempos. Maior produtor de uva e manga do Brasil, a região concentra grandes e pequenos produtores capazes de exportar mais de 160 mil toneladas das frutas. Com parte da produção direcionada para o mercado externo, para driblar a crise os produtores precisaram cortar custos e aguardar o melhor momento para investir novamente na produção.
 
De acordo com o Secretário de Irrigação de Petrolina, Newton Shun Iti Matsumoto, para superar as dificuldades os produtores do Vale realizaram verdadeiras reestruturações administrativas dentro das fazendas. A saída encontrada foi reduzir o número de contratações. “Pensar em viabilidade significa pensar em diminuição de custos. Reduzimos o quadro de funcionários o máximo possível. A política antiga era a de manter o quadro bem acima do necessário, assim conseguíamos um número razoável de mão de obra qualificada. Hoje já não trabalhamos assim”, ressalta o secretário que também é produtor.
 
Com o mercado sinalizando novos horizontes, os produtores começam a perceber alternativas viáveis nos negócios. “Em relação à demanda o mercado está se mostrando normalizado, inclusive os preços já são melhores que os do ano passado”, ressalta Newton Matsumoto.
 
Redução de custos também foi a solução encontrada pelos pequenos produtores vinculados à Associação Manga Brasil, localizada no Perímetro de Irrigação Maniçoba em Juazeiro. Segundo Josival Nascimento Pereira, pequeno produtor e diretor de marketing da associação, a crise econômica serviu como um momento de redefinir estratégias. “Sentamos no final de ano e pensamos onde reduzir os custos. A situação forçou a trabalharmos em áreas menores, pessoalmente reduzi minha produção de seis hectares e meio para apenas um hectare e meio, também aproveitei o momento para realizar a poda obrigatória, que futuramente irá refletir na qualidade das frutas.”
 
A união e organização dos produtores vinculados à Associação Manga Brasil, que atualmente concentra 80 pequenos produtores da fruta, fez o diferencial nos momentos de dificuldade. Através da associação, os produtores foram em busca de novos mercados e aproveitaram para fortalecer o vínculo com os antigos parceiros. “Em abril fizemos visitas ao mercado interno, buscamos novos compradores em Vitória, Belo Horizonte e Salvador. Fechamos bons negócios e ainda aproveitamos para fortalecer o elo com nossos clientes.”
 
Mesmo diante da crise internacional, os produtores da associação continuaram as negociações com o mercado externo. Desde 2007 eles exportam parte dos produtos principalmente para a Holanda, para este ano negociam a possibilidade de enviar ao país 25 contêineres de manga. Para Josival Pereira são nos momentos de crise que se deve aprender a retirar boas estratégias para toda a vida. “A crise deixa uma imagem negativa, mas serve como momento de organização. A gente aprende a cortar gastos, redefinir orçamentos, ajustar nossas economias. Com toda essa avaliação temos um sinal de que o sucesso vem de forma concreta. São nesses momentos que aprendemos e crescemos”, conclui o produtor.