Há pouco mais de 30 anos, em 1978, quando Pernambuco ainda era comandado por governadores biônicos (indicados pela Ditadura), o chefe do Executivo Estadual, Moura Cavalcanti, criava o Complexo Industrial Portuário de Suape, entre Ipojuca e o Cabo de Santo Agostinho. Só que antes disso, em meados da década de 1970, o então governador Eraldo Gueiros já planejava a concretização do tão sonhado Porto de Suape através da confecção de um Plano Diretor (PD). Desde a sua inauguração, a zona portuária não recebe modificações significativas na sua concepção, ainda atrelada ao planejamento de 30 anos. Agora, porém, está em estudo a elaboração do novo PD, que deverá ser concluído em março de 2010.
O Porto de Suape começou de forma modesta na ideia de porto-indústria, mas cresceu em proporções gigantescas - especialmente nos últimos anos -, o que fez o complexo tornar-se um polo de atração capaz de envolver não só outros estados brasileiros, assim como grandes empresas do mundo. “Contamos com empreendimentos que aportaram nos últimos anos - a exemplo da Refinaria Abreu e Lima e do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) - e que não estavam previstos no Plano Diretor”, explicou o consultor da Projetec (que junto com o grupo carioca Planave está responsável pelo novo plano), João Recena.
Atualmente, Suape é o segundo maior porto do Brasil em movimentação de cargas em contêineres, tendo 96 indústrias instaladas no complexo e mais de 100 em processo de implantação. Investimentos que por si só justificam um estudo mais recente da área e colocam o empreendimento na condição de concentrador de cargas (hub port). Sempre é bom salientar que o projeto inicial foi executado sem a existência do porto e do complexo. Somente o terreno destinado para esses fins era algo realmente “palpável” naquela época. E a perspectiva para o futuro é de que haja um crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) de 7% para os municípios que estão na linha de influência de Suape.
Todo esse crescimento desenfreado tende a gerar problemas de cidade grande. E aí está outra necessidade de planejamento. Com mais de 25 mil trabalhadores atuando no espaço e a quantidade de empresas implantadas, a pressão sobre o ambiente natural e a favelização são fatores de risco que precisam de um cuidado e atenção especiais. Outra questão que também preocupa é a quantidade de conjuntos habitacionais irregulares. As moradias podem inviabilizar a efetivação de negócios. O urbanista da Projetec, Geraldo Marinho, falou que não há um número certo sobre a quantidade de casas que estão ilegais.
Suape terá primeira mudança em 30 anos
14/07/2011