As demandas do pré-sal devem ser atendidas pela indústria brasileira. Esse é o discurso que está se generalizando na Petrobras e também no Governo Federal. Basta lembrar que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, referiu-se ao assunto na semana passada e afirmou que aproximadamente 65% dos equipamentos para a exploração do líquido serão disponibilizados junto a fornecedores brasileiros, o que geraria uma média anual de investimentos em torno de US$ 20 bilhões. Atualmente, esse valor é de US$ 12 bilhões. "O governo começou a fazer isso já em 2003, quando ressuscitou a indústria naval brasileira, quando obrigamos um maior recurso local e a fazer investimentos aqui", disse a ministra.
Só para o cenário deste ano, a Transpetro (subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte de petróleo e seus derivados) já previa uma demanda de US$ 1,140 bilhão por estaleiros. Agora, existe o fato novo de que a Petrobras pretende contratar mais 28 sondas de perfuração no Brasil entre 2013 e 2018. Para completar, não existe sequer um número fechado sobre a quantidade do óleo nas reservas da camada pré-sal, mas é sabido que o volume é intenso, superando em muito tudo o que foi produzido até hoje no País, chegando a variar entre 30 bilhões e 100 bilhões de barris adicionais. Portanto, mais estrutura, navios e equipamentos serão necessários. Está tudo dentro de um plano do governo para estimular a produção nacional. "Não estamos fazendo novamente navios aqui dentro? Não vamos fazer sonda? Podemos fazer", salientou Dilma, na semana passada, durante exposição no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
A respeito do tema, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, adiantou que os estaleiros brasileiros têm condições de atender a demanda quanto à exploração de petróleo. "Os estaleiros brasileiros estão preparados para o desafio de produzir navios-sonda, plataformas de produção, navios de apoio marítimo e petroleiros", enfatizou.
E, mesmo com a probalidade de que haja atraso diante da produção nacional, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, explicou que esse atraso não deverá ser "significativo" a longo prazo. Ou seja, é melhor investir na indústria local e gerar emprego e renda no País do que correr para os empreendedores internacionais e dispersar os recursos que tendem a enriquecer toda a nação. A reportagem da Folha de Pernambuco tentou contato com o presidente do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), Ângelo Belellis, mas não obteve êxito.
Indústria brasileira atenderá pré-sal
12/07/2011