Goiana terá fábrica de vidros

O Grupo Cornélio Brennand anunciou ontem um investimento de R$ 330 milhões em uma fábrica de vidros planos, artigo utilizado pela construção civil. A unidade será erguida no município de Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado. Batizada de Companhia Brasileira de Vidros Planos (CBVP), será a primeira fabricante desse produto no Nordeste e vai gerar 370 empregos diretos para produzir até 260 mil toneladas por ano. O volume vai permitir atender a demanda nordestina pelo artigo que hoje precisa ser trazido das regiões Sudeste e Sul a um preço bem mais elevado, em virtude do frete. A previsão é que as obras da planta industrial comecem no segundo semestre deste ano. O início das operações está previsto para a segunda metade de 2012. Na fase de implantação serão criados 400 postos de trabalho.

O investimento vinha sendo maturado pela empresa há dois anos, quando o setor de construção civil voltou a se desenvolver no Estado. Os vidros planos serão adquiridos por empresas chamadas transformadoras, essas sim fornecedoras das construtoras. Elas são responsáveis por tornar o produto ideal para revestir a fachada inteira de um edifício empresarial, por exemplo. De acordo com o diretor-executivo da CBVP e presidente da Companhia Industrial de Vidros (CIV), Paulo Drummond, as vendas da indústria também alcançarão a região Norte. E os planos preveem ainda adentrar os mercados do Centro-Oeste e do Sudeste.

O desejo da empresa é preencher a maior parte do seu quadro com trabalhadores locais. No entanto, segundo comenta Drummond, a mão de obra demandada pela planta da CBVP será altamente qualificada. “Nós iremos fornecer treinamento próprio fora do Brasil. As vagas são para nível médio e superior, no caso, engenheiros”, explica. A previsão do grupo empresarial é de fomentar ainda a criação de 1.500 empregos indiretos com a fábrica. A expectativa de faturamento para a unidade é de R$ 300 milhões por ano. A unidade ainda pode atender no futuro o mercado automotivo.

Se isso ocorrer, o Estado pode começar a estruturar uma cadeia de fornecedores de autopeças, explica o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Jenner Guimarães. “A falta dessas empresas é hoje um dos entraves que possuímos na hora de atrair empreendimentos automotivos para o Estado”, complementou.

A CBVP parte agora em busca de um sócio tecnológico fora do País, que terá uma participação minoritária na empresa. A sociedade é necessária pois as técnicas de fabricação a serem adotadas na unidade são bastante avançadas. “A nossa indústria será uma vitrine”, afirmou, em discurso, Drummond. A planta mais que dobrará o volume de importação do Grupo Cornélio Brennand de um artigo químico essencial para a produção de vidros, chamado barrilha.

Hoje, são trazidas cerca de 30 mil toneladas (t) por ano. A partir de 2012, serão mais 40 mil t, ampliando a movimentação de cargas em Suape e no Porto do Recife. A CBVP exigirá também mais 140 mil metros cúbicos de gás natural por dia, tornando-se uma importante cliente da Companhia Pernambucana de Gás. A escolha por Goiana se deu pela disponibilidade de uma área. O terreno cedido pelo governo do Estado possui oito hectares.