Lanxess vai investir na indústria do Cabo

Um dos principais grupos empresariais do setor químico mundial, a alemã Lanxess anunciou ontem um investimento de cerca de R$ 14,5 milhões na unidade que possui na cidade do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. O objetivo do aporte é duplicar a produção de borracha sintética, matéria-prima para fabricação de diversos produtos, de pneus e tênis de corrida a asfalto e chiclete. O dinheiro será empregado em tecnologia, logo não haverá geração de novos postos de trabalho para aumentar, das 20 mil toneladas (t) anuais para 40 mil t, a produção da fábrica.

A borracha sintética produzida pela Lanxess é feita de um artigo químico cientificamente conhecido como polibutadieno com catalisador de neodímio (Nd-PBR). No Brasil, só a fábrica do Cabo produz esse material. A demanda mundial por esse produto tem crescido, a ponto de a empresa ter anunciado investimentos semelhantes em outras duas plantas suas no mundo, em Dormagen (Alemanha) e Orange (EUA). Ao todo, serão aplicados 20 milhões nas três unidades. A ideia é ampliar em 50 mil t por ano a oferta do artigo. A maior procura vem da indústria de pneus.

“No Brasil, a demanda por borracha sintética é de 360 mil t anuais. Sendo grande parte desse montante importado. Com a previsão de crescimento de 7% da indústria de pneus no País, o investimento na fábrica do Cabo visa, primeiramente, atender o mercado interno”, informou o líder global das unidades de polibutadieno da Lanxess, Joachin Grub, acrescentando que até o final de 2011 a fábrica pernambucana estará operando com sua capacidade ampliada.

“O setor químico no Brasil movimenta hoje US$ 103 milhões e vai chegar a US$ 260 milhões em 2020. Há possibilidades incríveis no mercado brasileiro. Por isso a necessidade de expandir a base de negócios aqui. Afinal, 10% do nosso faturamento está no País”, complementou o CEO da Lanxess no Brasil, Marcelo Lacerda. A expectativa é crescer mais que os demais países que compõem o Bric – Brasil, Rússia, Índia e China –, o que significa taxas anuais acima dos 10%.

A fábrica local – que já foi da Petroflex e da Companhia Pernambucana de Borracha Sintética (Coperbo) – produz outras duas linhas de borrachas. O investimento anunciado ontem marca ainda uma “virada de página” importante na unidade. Em janeiro de 2009, em virtude da queda na demanda mundial, a Lanxess viu suas exportações por Pernambuco diminuírem 71%, na comparação com o mesmo mês de 2009. Uma redução de US$ 6,5 milhões para US$ 1,9 milhão. Em fevereiro veio o anúncio de férias coletivas para 152 funcionários e o corte de 80 profissionais terceirizados. E em março a demissão de 20 pessoas.