Polo naval atrai indústria do Rio

03.04.2010
Polo naval atrai indústria do Rio
A fabricante de componentes e acessórios para a indústria naval, Zinque Comércio e Indústria, do Rio de Janeiro, inaugurou esta semana sua primeira unidade no Nordeste, no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Fruto de um investimento de R$ 2 milhões, a planta poderá processar até 150 toneladas de aço por mês quando estiver funcionando a pleno vapor, empregando 40 pessoas diretamente. A empresa iniciou sua operação com 30% da capacidade produtiva e incorporou 20 trabalhadores locais na área de metalurgia (montadores, caldeireiros, soldadores). Marcos Saad, um dos três sócios da empresa, conta que 17 dos contratados são ex-cortadores de cana-de-açúcar.

“A nossa vinda a Pernambuco foi determinada pelos investimentos na área naval”, afirma Saad. Além do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), o Complexo Industrial Portuário de Suape tem confirmado um estaleiro das companhias Schahim e Tomé e pode receber aportes do grupo português MPG Shipyard, do coreano STX Europe, do consórcio Allusa-Galvão e da Construcap.

A Zinque tem know-how de 40 anos no fornecimento de produtos para o setor. A expectativa de faturamento mensal da unidade pernambucana da empresa é de R$ 1,5 milhão. A planta irá atender todo o mercado nordestino, enquanto a fábrica fluminense ficará encarregada de suprir a demanda do Sudeste.

A Zinque fabrica vários componentes para a cadeia naval: portas estanques (que impedem a entrada de água, gás e fogo, no caso de explosão, por exemplo), janelas, buzinas, agulheiros (aberturas que dão acesso a compartimentos como o porão e tanques), sinos e escotilhões (espécie de pequena escotilha). Esse último produto será vendido, aqui em Pernambuco, para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS). Serão 26 para cada um dos dez navios petroleiros Suezmax (embarcações com dimensões que permitem passar pelo Canal de Suez, responsável por ligar os mares Mediterrâneo e Vermelho). O primeiro navio, concluído esta semana, já foi equipado com os componentes da Zinque, vindos de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Os próximos nove terão peças feitas em Pernambuco.

A indústria ainda presta serviços em metalurgia nas áreas de usinagem, fundição e caldeiraria. O portfólio diversificado, explica Saad, existe em função da empresa, chefiada e fundada pelo empreendedor Aníbal Marques, ter assistido a indústria naval crescer e sucumbir no País nas últimas quatro décadas. “A saída foi investir na fabricação de outros artigos e serviços para diversos ramos da indústria química, incluindo a petroquímica e o refino de petróleo”. Segundo ele, a Zinque está em estágio avançado de negociações com as construtoras Odebrecht e Tomé para ser fornecedora indireta da Refinaria Abreu e Lima.

As obras da fábrica da Zinque começaram em novembro de 2009, junte com as de um Centro de Formação Profissional para capacitação de montadores, isoladores, soldadores e hidrojatistas. A primeira turma de 20 pessoas do centro acabou de concluir o curso e foi toda absorvida pela Zinque. As outras 20 vagas na empresa serão preenchidas por parte do segundo grupo. “O excedente de profissionais estará apto para ingressar no mercado”, acrescenta Saad.
 
Publicado no Jornal do Commercio

 

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