Se em 2009 eram seis, agora subiu para dez o número de empresas pernambucanas incluídas na lista das 200 micro e pequenas empresas (MPEs) que mais crescem no Brasil. A pesquisa, feita pela Deloitte em parceria com a revista Exame PME, mostra que quatro das seis que foram listadas no ano passado seguraram a peteca e conseguiram se manter no seleto grupo: Carbogás, Gratícia, Estaf Equipamentos e JBR Engenharia. A elas, se juntaram Projetec, Construtora Andrade Mendonça, Betonpoxi, GB Gabriel Bacelar, Newsupri e SET Sistemas.
Qual o segredo do sucesso? De um modo geral, as MPEs retratadas nesta quinta edição da pesquisa elencam como principais fatores decisivos para o crescimento: a) relacionamento e a fidelização de clientes; b) investimento em recursos humanos; c) controle de custos; d) qualidade dos produtos; e) acesso a novas tecnologias, entre outros. Não há uma receita pronta, mas quem segue essa cartilha costuma se sair bem. "Tem sempre um ponto que explica o crescimento. Para se destacar num cenário de tanta concorrência é preciso ter um diferencial", afirma o sócio da área de auditoria da Deloitte, José Emílio Calado.
Ele aponta um dado interessante: das 50 que mais cresceram, metade é das áreas de construção civil e da chamada indústria digital. Explica-se: nenhuma empresa sobrevive mais sem tecnologia, o que gera cada vez mais oportunidades de negócios. As empresas desse setor cresceram em média 32%. E construção por causa do bom momento econômico por que passa o país e por causa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - na média, elas cresceram 58%. Curiosamente, das dez pernambucanas selecionadas, três são do ramo da construção civil e uma da área de tecnologia.
A pesquisa considera a evolução da receita líquida das empresas ao longo dos últimos três anos (2007-2009). A Carbogás, por exemplo, que ocupa a 16ª posição no ranking, registrou crescimento acumulado de 250,4% nesse período. Na pesquisa anterior, relativa ao intervalo 2006-2008, a empresa da área química e petroquímica especializada na produção de gás carbônico para bebidas havia registrado uma expressiva evolução de 436,8% em sua receita, colocando-se na sétima posição. "A Carbogás soube aproveitar o crescimento do consumo de bebidas no país, especialmente no Nordeste", comenta José Emílio.
A Construtora Andrade Mendonça cresceu 143,3%. Betonpoxi, 110,2%. GB Bacelar, 57,3%. "A Gabriel Bacelar cresceu fazendo imóveis de qualidade com preços competitivos", continua o sócio da Deloitte. A construtora saiu de uma receita de R$ 29,6 milhões para R$ 46,6 milhões nos últimos três anos. E a Gratícia, que cresceu 49,9% de pois de ter expandido sua receita em 91,8% no período 2006-2008? "A Gratícia percebeu no pequeno varejo que atende às classes C e D um grande nicho de mercado".
A Estaf, outra que figurou na pesquisa passada, aumentou sua receita em 47,8% no último triênio. Sua especialidade são o escoramento de obras, fornecimento de andaimes e plataformas aéreas. Fica sediada em Olinda, assim como a SET Sistemas, que vende em atacado produtos de higiene profissional - cresceu 41,4%. Já a JBR Engenharia subiu da 187ª para 185ª colocação no ranking, elevando sua receita de R$ 11,6 milhões para R$ 15,5 milhões (crescimento de 32,9% no acumulado). Trata-se de uma empresa de engenharia consultiva, que elabora projetos e atua no gerenciamento e supervisão de obras.
Cada história de sucesso tem lá suas peculiaridades, porém todas têm pontos em comum. Na opinião de José Emílio, há pelo menos duas características relacionadas ao bom desempenho dessas empresas - o equilíbrio preço/qualidade e a valorização dos profissionais. "Esse é o segredo da retenção de talentos. E são eles que fazem a diferença. Se os profissionais estiverem motivados, isso vai refletir no desempenho da empresa", conclui o sócio da Deloitte.
Metodologia do estudo
A pesquisa As PMEs que mais crescem no Brasil abrange organizações brasileiras em fase operacional pelo menos desde 1º de janeiro de 2005, com receita líquida entre R$ 5 milhõs e R$ 200 milhões nas demonstrações financeiras ao fim de 2009. A lista exclui empresas dos segmentos de auditoria, consultoria, mídia e comunicação, além de cooperativas, instituições financeiras, empresas públicas e organizações sem fins lucrativos.
Para compor o estudo foram convidadas cerca de 11 mil empresas de todo o país, por meio de questionários impressos e eletrônicos. No total, 620 empresas responderam aos questionários e 422 encaminharam demonstrações financeiras. Ao final, 330 organizações atenderam aos critérios e as de melhor desempenho comnpuseram o ranking das 200 que mais crescem.
Parceria estratégica com gente grande
Elas são pequenas e médias, mas andam na companhia de gente grande. As análises da Deloitte mostram que as expectativas de negócios das empresas englobam desde a busca de descentralização da carteira de clientes até a manutenção e elevação da parceria com grandes organizações. Nos últimos três anos, 48% delas disseram ter algum tipo de relacionamento com as grandes, percentual que sobe para 63% quando se considera o cenário dos próximos três a cinco anos.
A Projetec é uma dessas empresas. Depois de amargar um período de vacas magras entre os anos 1980 e 2000, em que a área de engenharia estagnou com a economia do país, a Projetec agora navega em águas tranquilas. Trabalha em parceria com grandes organizações, como Suape (elaborando o novo plano diretor do complexo industrial portuário), Transnordestina Logística (supervisão de obras) e o governo federal, sendo responsável pelo projeto do Eixo Leste da transposição de águas do Rio São Francisco. São 450 colaboradores permanentes.
"Hoje temos orgulho de trabalhar em três dos maiores projetos da região", diz o sócio João Recena. Ele conta que, em 2003, a empresa precisou buscar oportunidades no exterior para poder se manter no mercado, em países como Equador, México, Panamá, Venezuela e Peru. Foi feito, ainda, um grande esforço na área de qualidade que culminou com a certificação ISO 9001.
O foco na qualidade da Projetec está associado às boas práticas gerenciais, o que inclui a valorização do capital humano. Outro ponto é a valorização da clientela.
Inovação é prioridade para investimentos
Há alguns anos, as PMEs acreditavam que o lançamento de novos produtos e/ou serviços e a entrada em novos mercados era algo a se priorizar na condução do crescimento. Mas isso mudou. Nesta última edição da pesquisa da Deloitte, o investimento em inovação aparece em primeiro lugar nas expectativas para os próximos três a cinco anos. Quem não inova está fadado ao fracasso. O mantra se torna ainda mais obrigatório para as empresas de tecnologia, como a Newsupri.
Inovar não é apenas utilizar alta tecnologia. É fazer diferente. A Newsupri procura fazer diferente há 25 anos. "Ao contrário de outras empresas de tecnologia que atiram para todos os lados, decidimos focar em projetos de infraestrutura de TI. Levamos hardwares e softwares para compor o parque de TI das empresas. É isso que a gente sabe fazer melhor", ensina o diretor da Newsupri, José Alves Muniz Júnior.
Nesse sentido, uma das inovações mais festejadas e de uso crescente nas empresas é a chamada computação em nuvem. Ocorre quando se terceiriza o processamento de determinados dados em um servidor remoto mais robusto. "Estamos vivendo uma quebra de paradigma. O cloud computing é tendência irreversível, mas não acreditamos que vá substituir o modelo tradicional. É complementar", destaca Júnior.
A Newsupri tem hoje cerca de 250 clientes da Bahia ao Rio Grande do Norte. Credita parte de sua expansão ao crescimento de Suape e aos avanços no mercado consumidor nordestino. No portfólio, Estaleiro Atlântico Sul, Tecon, Baterias Moura e órgãos públicos como as secretarias da Fazenda e da Saúde, Tribunal de Justiça e Justiça Federal. 
 
O segredo do sucesso das micro e pequenas empresas
27/05/2011
                        
     
             
                     
                 
                