Óleo diesel será o diferencial local

Produto mais cobiçado do setor de combustíveis na atualidade, o óleo diesel será o diferencial da Refinaria Abreu e Lima, em construção no Complexo Industrial Portuário de Suape. Com a entrada em operação da unidade de refino, o Brasil passa a ser autossuficiente na fabricação do produto, que hoje precisa ser importado para atender à demanda. A tecnologia da Rnest também vai permitir maior rendimento ao diesel e se alinhar à tendência do mercado internacional de oferecer um óleo com menor teor de enxofre.

“A Abreu e Lima é uma refinaria construída sob medida para o Brasil. Com a tecnologia disponível nessa unidade vamos transformar um petróleo pesado (de baixo valor agregado) em um produto de alto valor e que o País importa atualmente para atender à crescente demanda. Se fôssemos exportar esse petróleo pesado, certamente o valor seria depreciado, porque os refinadores não têm tanto interesse nesse tipo de petróleo”, explica o diretor corporativo da Rnest, João Batista Aquino. Nas outras refinarias brasileiras é preciso misturar o óleo pesado a outro mais leve para garantir o refino.

O empreendimento de Suape vai refinar petróleo pesado de 16º API (medida criada pelo American Petroleum Institute para expressar a densidade do óleo. Quanto mais baixa a densidade, menor o valor de mercado). O óleo cru virá do campo de Marlim, na Bacia de Campo (RJ) e do campo de Carabobo, na Venezuela.

Enquanto nas demais refinarias da Petrobras, o rendimento médio do diesel é de 50%, na Abreu e Lima chegará a 70%. Dos 230 mil barris processados por dia pela Rnest, 180 mil serão transformados em óleo diesel para abastecer os mercados do Norte e Nordeste.
“Como o produto tem uma demanda sazonal, em momentos de baixo consumo poderemos exportar o produto, uma vez que vamos produzir um diesel de 50 ppm (partes por milhão) de enxofre, que é o mínimo usado pelos países desenvolvidos”, observa Aquino, lembrando que a refinaria também terá tecnologia para fabricar o diesel de 10 ppm (ainda mais valorizado no mercado).

Nas últimas décadas, o óleo diesel foi ganhando espaço na matriz brasileira de combustíveis. Na década de 50, o produto tinha participação de 19%, contra 34% da gasolina. Para este ano, a projeção é que o diesel tenha uma participação de 41% contra 19% da gasolina. Apesar de o diesel ter um menor valor na bomba dos postos de combustíveis, na refinaria ele tem melhor valor.