Em meio à euforia da nova classe C, o Nordeste, e em especial Pernambuco, passa por movimento atípico na atração de novos investimentos públicos e privados. Além dos grandes projetos do Complexo Industrial e Portuário de Suape (Estaleiro Atlântico Sul, Polo Petroquímico, Refinaria Abreu e Lima), que atraem novas empresas, as indústrias de alimentos e têxtil estão "assanhadas" com o crescimento do mercado de consumo. Não foi à toa que a Sadia instalou uma fábrica de embutidos em Vitória de Santo Antão e a Perdigão em Bom Conselho. A Nestlé não quis ficar de fora e trouxe para os bairros da periferia do Recife a venda porta a porta de produtos populares lácteos através de centrais de distribuição.
"Pernambuco passa por uma fase favorável por uma série de fatores. Além da localização geográfica de Suape, a mudança da conjuntura política direcionou grandes investimentos públicos, o que atraiu outras empresas diante da dinâmica da economia local", aponta o economista João Policarpo Lima. Pelos dados da Agência deDesenvolvimento (AD-Diper), foram instaladas 226 novas indústrias em 2009, totalizando um investimento total de R$ 4,5 bilhões e a estimativa de criação de 28 mil empregos diretos e indiretos.
O economista da Fundação Joaquim Nabuco, Luis Henrique Romani, destaca que os investimentos na construção civil, no setor habitacional e de implantação dos projetos em Suape fizeram girar a roda do emprego, ampliar a renda das pessoas e o consumo. Ele cita os números do Cadastro Geral de Empregos (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, que mostra que foram criados 56,8 mil postos de trabalho com carteira assinada nos últimos 12 meses no estado.
Ao mesmo tempo em que cresceu o emprego e a renda, o governo promoveu políticas de subsídio fiscal, com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis populares e eletrodomésticos. Aliado ao menor imposto sobre o consumo, houve a facilidade do crediário e a maior oferta de crédito barato pelos bancos públicos para o setor produtivo. "Sem contar queas pessoas empregadas se tornam mais otimistas porque tem o aumento da renda e o crédito para continuar consumindo", arremata Romani.
A ascensão da classe C é sustentável? Para João Policarpo Lima, a expectativa de crescimento do Brasil acima de 5% este ano e de Pernambuco acima de média nacional, deverá manter o crescimento da classe C nos próximos dez anos. "Com os novos investimentos que estão em fase de implantação e começarão a funcionar, teremos alguns anos de dinamismo da economia pernambucana", aposta.
Pernambuco a todo vapor
01/06/2011