No próximo sábado, a Vinhuva Fest - Feira da Uva e do Vinho do Nordeste – que acontecerá no Pavilhão de Eventos da Uva e do Vinho, em Lagoa Grande (PE), entre 9 e 12 de outubro de 2009 – promoverá no auditório da Embrapa Semiárido um dia especial para discussão das perspectivas para vitivinicultura no Vale. Serão oito painéis e quatro visitas técnicas com o objetivo de divulgar as oportunidades de desenvolvimento e negócios que já existem e devem aparecer pelos próximos anos.
O pesquisador na área de enologia da Empraba, Giuliano Pereira, participará do seminário Avanços, pesquisas e conquistas no setor vitivinícola no Vale do São Francisco, onde mostrará resultados das pesquisas que visam ao aumento da rentabilidade, sustentabilidade e qualidade dos vinhos da região. Dentre elas, a descoberta de cinco novos tipos de uva que se adaptaram ao clima do Vale.
“Testamos 28 tipos e as cultivares tintas petit verdot e tembranillo, e as brancas sauvignon blanc, viognier e verdejo mostraram uma boa adaptação à região”, anunciou o pesquisador. Além desses resultados, a Embrapa descobriu que a redução no uso de água no plantio pode aumentar a qualidade do vinho e, consequentemente, o preço repassado ao mercado. “Vinhos que custam de R$ 15 a 20 podem chegar a ser vendidos por R$ 40 ou 50. Porém, a vinícola precisa ponderar sobre relação rentabilidade versus qualidade, além do público que deseja atingir”, alertou Pereira.
Outro ponto abordado no painel é o potencial para envelhecimento e agregação de corpo aos vinhos da região. “O Vale é conhecido por só produzir vinhos jovens e leves, devido à instabilidade química das safras de junho/julho e novembro/dezembro. Nossas pesquisas indicam, porém, que se as empresas apostarem numa única safra por ano, colhida entre setembro e outubro, o vinho poderá passar por esse processo de envelhecimento sem problemas”, indicou.
Todos esses dados e vários outros serão analisados a partir desta segunda-feira (5), com a inauguração da Unidade Analítica de Vinhos na Embrapa Semiárido e do Laboratório de Sucos. “A ideia é apoiar o setor vitivinícola e promover o desenvolvimento e divulgação dos vinhos tropicais do Nordeste. Analisaremos os compostos fenólicos, como coloração, antocienina e taninos, e os compostos aromáticos, para comparar com a características de cultivares de outras regiões produtoras do mundo e, principalmente, buscar a identidade do vinho no Vale do São Francisco”, disse o técnico.
Para o enólogo da Vinícola Garziera, Mábio Dutra, a região necessita de estudos que busquem essas características próprias do vinho sertanejo. “Quando se busca atingir esse mercado regional, a descrição aromática e sensorial dos vinhos deve corresponder a elementos da região e não a ícones estrangeiros”, apontou.
Nos outros painéis do seminário, de José Gualberto Almeida, presidente do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco (Vinhovasf) vai abordar a realidade vitivinícola do Vale, com a palestra, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Jenner Guimarães, anunciará as políticas governamentais de incentivo a novos empreendimentos e ao setor. Já o Banco do Nordeste e o BNDES esclarecerão as viabilidades, incentivos e financiamentos. E o diretor da Select José Alberici Filho junto com o enólogo Aldérico Sassi falarão sobre as tendências do mercado nacional e internacional.
Perspectivas em debate
12/07/2011