Depois de um 2009 difícil, os cerca de 3 mil produtores do Vale do São Francisco, no Serão de Pernambuco, já têm uma perspectiva melhor nas exportações de frutas frescas para 2010. As vendas de mangas para o exterior fecharam o primeiro trimestre com um aumento de 42,49% em relação ao mesmo período no ano anterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (ver quadro). Os resultados permitem antever um bom desempenho no segundo semestre, quando a mais significativa parte da safra é colhida.
O principal fator que influenciou o aumento das exportações da manga pernambucana foi o clima. "Não houve chuvas fora de época nesta safra. Por isso, a manga produzida foi de excelente qualidade e motivou nossos clientes de outros países a comprarem mais", analisou José Gualberto Almeida, presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e derivados do Vale do São Francisco (Valexport), destacando que o maior volumede exportações acontece no segundo semestre.
De acordo com ele, as perspectivas para o setor ainda vão depender da variação da taxa de câmbio. A desvalorização do dólar no último ano foi um fator que jogou contra as exportações brasileiras, de forma geral, e contra o comércio exterior de frutas, em particular. No Brasil, apesar de ter superado os números de 2009, quando foram exportadas 16,2 mil toneladas de mangas frescas no primeiro semestre, em 2010, com 18,2 mil toneladas, ainda encontra-se abaixo do patamar de 2008, que atingiu a venda de 19 mil toneladas.
"Na verdade, o Brasil está recuperando a exportação que já existia e que foi afetada em 2009, que foi um ano problemático devido ao clima e à desvalorização do dólar", afirmou Maurício de Sá Ferraz, gerente técnico do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). "Este ano, o Peru e o México tiveram problemas com as condições climáticas e, por isso, atrasaram a safra em alguns meses. Por isso, estivemos mais sozinhos no mercado", acrescentou. Tão importantequanto a manga para as exportações do Vale do São Francisco, a uva só deve ser colhida em abril. A perspectiva é de que o clima também influencie positivamente a safra.
O setor de exportação de frutas do Vale do São Francisco também não deve ter seu faturamento afetado pelo fechamento dos aeroportos na Europa, seu principal pólo consumidor, na semana passada, devido à erupção de um vulcão na Islândia. De acordo com José Gualberto Almeida, a maior parte das exportações de frutas do Vale do São Francisco é feita por via marítima. "Cerca de 90%", destacou. Outros grandes produtores de frutas no país afirmam ter tido prejuízos durante os seis dias em que alguns dos principais aeroportos europeus permaneceram fechados, devido ao fato desses produtos serem perecíveis.
Exportação de frutas volta a crescer
31/05/2011