Reforço no agronegócio do Vale

Apicultores e produtores de hortaliças da região participam de projetos nas duas áreas para incrementar suas atividades e aumentar a produção, gerando emprego, renda e atraindo investimentos. A iniciativa é da Unidade de Negócios do Sertão do São Francisco, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Pernambuco (Sebrae-PE), e se junta aos projetos de fruticultura irrigada, caprinovinocultura, turismo, artesanato, comércio, meio ambiente e orientação empresarial, já existentes na região.  O projeto Desenvolvimento de Apicultura - Petrolina contempla cerca de 200 apicultores dos municípios de Afrânio, Dormentes, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista e Belém do São Francisco. A intenção é fortalecer a atividade apícola através da organização dos produtores de mel e daampliação do acesso destes ao mercado e a tecnologias apropriadas. Outra meta é concluir a construção da Casa de Mel, para o armazenamento, condicionamento e embalagem do produto.

A conclusão do entreposto vai possibilitar a retomada dos negócios no mercado nacional e, posteriormente, a exportação do mel em grande escala. Boa notícia para os apicultores, como Francisco Camilo de Souza, 55. Ele produz mel há cinco anos e faz parte de uma associação de produtores com 20 associados. Atualmente, a produção de mel na região do Vale do São Francisco é de 70 toneladas por ano. Além dos períodos de estiagem, a dificuldade é ainda maior por conta dos atravessadores dos estados do Ceará e Piauí, que pagam pela produção preços bem aquém do mercado. A Casa de Mel pode solucionar esse problema. "Os produtores serão capacitados para o mercado. Vamos otimizar a produção em termos de colheita, condicionamento, armazenagem, embalagem e vendas. Teremos uma marca própria do produto e evitaremos a ação dos atravessadores", contaCamilo. Segundo ele, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) já cedeu o terreno para o entreposto, orçado entre R$ 180 mil e R$ 200 mil. "Falta apenas a Prefeitura de Petrolina homologar a escritura de doação. Essa é nossa luta. Esperamos produzir mais de 100 toneladas por ano", completa o produtor.

Até 2012, a unidade do Sebrae-PE em Petrolina pretende elevar em 50% a venda de mel via central de comercialização e em 20% a venda do produto fracionado. Neste primeiro ano do projeto, serão trabalhados inicialmente o mel e a cera, ampliando depois para a própolis e a apitoxina (composto ativo presente no veneno das abelhas).

Melhoria de gestão e tecnologia

Outra forte vertente econômica na região, a horticultura também é objetivo de incremento. O projeto Horticultura Vale do São Francisco Pernambucano desenvolve a produção de hortaliças organizando o setor com melhorias de gestão empresarial, modernização tecnológica e comercialização dos produtos. Até 2012, 350 produtores de cebola, amendoim, tomate, inhame, macaxeira e outros legumes e vegetais, das cidades de Petrolina, Afrânio, Dormentes, Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó e Belém de São Francisco serão beneficiados com o projeto.

De acordo com a gestora dos dos projetos de apicultura e horticultura na unidade do Sebrae-PE em Petrolina, Regina Santana, serão trabalhados aspectos como cooperativismo e associativismo entre os produtores, inclusive para suprir as dificuldades criadas em razão da variação climática da região. "Os produtores terão uma consultoria que fará um diagnóstico e mapeamento de toda a produção. As capacitações estão sendo feitas em grupos de 12 pessoas no mínimo. A finalidade do projeto é, até 2012, aumentar o número de produtores de hortaliças em 30%".

Regina Santana reforça que a participação nos cursos é gratuita. Quem quiser obter mais informações sobre os dois projetos deve entrar em contato com a unidade do Sebrae-PE em Petrolina através do telefone (87) 2101-8900. O projeto de apicultura coincide, inclusive, com o lançamento, pelo Sebrae e a Confederação Nacional de Apicultura (CBA), da campanha Meu dia pede mel para incentivar o consumo de mel no país. O ação, resultado de um convênio de cooperação técnica firmado entre as duas instituições em 2009, busca incentivar o consumo do produto como alimento natural e fonte de energia.

De acordo com a CBA, a meta, no primeiro ano de campanha, é ampliar o consumo do mel em 10% e, no segundo ano, em 15%. O Sebrae trabalha com cerca de 60 projetos em todo o país, envolvendo 13 mil apicultores, responsáveis por produzir oito mil toneladas de mel por ano. O valor de venda do mel brasileiro para outros países, no momento, é deUS$ 2,70/kg. O órgão entende que o preço justo é de US$ 5/kg. No Brasil, o mel é comercializado a R$ 4,50/kg, preço considerado abaixo do mercado.