Uma fabricante americana de painéis solares planeja instalar uma fábrica em Pernambuco. Como se trata de tecnologia de ponta, o investimento é altíssimo, em torno de US$ 350 milhões. A geração de empregos diretos é de 350 durante a construção e 70 na operação. O empreendimento terá uma área de 5 hectares (50 mil metros quadrados). Além de Pernambuco, outro estado cogitado para receber a unidade é São Paulo. Porém, os incentivos fiscais e a proximidade com os mercados europeu e norte-americano contam positivamente para Pernambuco. O nome da companhia não foi divulgado pelo governo do estado, que pretende anunciar a assinatura de protocolo de intenções dentro de 45 anos.
Segundo Wagner Maciel, gerente geral de articulação empresarial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado, a empresa é uma das líderes mundiais na fabricação de painéis fotovoltaicos para geração de energia solar e tem 13 fábricas nos Estados Unidos, Europa e Ásia. "O interesse é na Região Metropolitana do Recife (RMR) mesmo, porque pretendem exportar parte do que for produzido aqui no Brasil", detalha.
Por esta razão, a proximidade com os mercados dos Estados Unidos e Europa se mostra como vantagem competitiva em relação à São Paulo. "Pernambuco está a sete dias de Nova Jérsei", comenta Maciel. Os incentivos fiscais também são maiores aqui. "Além do Prodepe, que concede até 75% de desconto no ICMS, para empreendimentos instalados na RMR, existem os incentivos da Sudene", acrescenta Maciel. Entre eles, está a redução de 75% do IR, com reinvestimento de 30% do valor a ser pago deste imposto, além de isenção de adicional de frete. A favor de São Paulo, pesa a maior disponibilidade de fornecedores e consumidores no estado.
"Há trinta anos que atuo no segmento da energia solar e nesse período cinco fábricas demonstraram interesse em se instalar aqui. Espero que dessa vez o negócio se concretize", afirma Heitor Scalambrini, professor de energia elétrica da Universidade Federal de Pernambuco. Só existe uma fábrica no Brasil que produz placas fotovoltaicas, a Heliodinâmica, em São Paulo. "Produzir a placa que gera energia demanda um investimento muito alto. Já para os coletores solares, usados apenas para o aquecimento da água, há mais de 40 indústrias", explica Scalambrini. A instalação da fábrica vai ajudar a baratear a aquisição das placas solares e disseminar o uso da tecnologia no país. "Hoje o custo de instalação é de R$ 15 para cada 1 W. Na Alemanha, é de R$ 6. Por isso, no Brasil só existem 10 MW de placas solares instaladas. É muito pouco", argumenta.
De acordo com Wagner Maciel, o governo do estado está "empenhado para assinar o protocolo de intenções em 45 dias". Primeiro, pelo alto aporte a ser realizado. "Também será importante para diversificarmos a nossa matriz energética. Já temos um cluster na produção de equipamentos para geração eólica, além de know how em biomassa e etanol". Segundo ele, a empresa está de olho nas obras da Transposição (as placas podem ser usadas futuramente como fonte de energia para bombeamento de poços), além de indústrias, empresariais, hotéis e shoppings do país.
Estado na disputa por fábrica de US$ 350 mi
31/05/2011