PIB crescerá 5,5% em 2010, diz CNI

Bom desempenho será puxado pelo aumento da produção industrial, investimento e consumo das famílias. Maior desafio: enfrentar o real valorizado

 

BRASÍLIA – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aposta num crescimento de 5,5% na economia em 2010 e garante que o bom desempenho será puxado pelo aumento da produção industrial, do investimento e do consumo das famílias. Mas o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, alertou que a expansão correrá paralelamente a um grande desafio para o parque industrial: a valorização do real frente ao dólar.


“O grande desafio para os próximos anos é conviver com esta taxa de câmbio”, afirmou, ao apresentar o documento Economia brasileira, com as perspectivas para 2010. Segundo o presidente da CNI, há incertezas em relação ao mercado externo e aos setores que necessitam investimentos. “Ainda não se pode vislumbrar a retomada das exportações de maneira clara”, salientou.


A previsão é que a moeda norte-americana chegará ao fim de 2010 cotada a R$ 1,70, abaixo da média de R$ 1,73 estimada para dezembro deste ano. A média do ano foi estimada pela CNI em R$ 1,99.


Por conta do câmbio valorizado, as importações devem crescer 38% em 2010, fechando o ano em US$ 175 bilhões. As exportações não devem acompanhar o mesmo ritmo, mas devem crescer 24%, atingindo US$ 188 bilhões.


O saldo da balança comercial deve apresentar uma queda expressiva, recuando dos US$ 25,2 bilhões estimados para 2009 para R$ 13 bilhões no ano que vem.


Os investimentos devem crescer 14% em 2010, mas ainda não serão suficientes para aumentar a níveis considerados razoáveis a relação entre os investimentos e o PIB, segundo o presidente da CNI.


“Países que crescem mais de 5% têm maior poupança e investimento. A China tem uma taxa de mais de 40% do PIB. Nós ficaremos em 16,5%. Para elevar esse percentual, precisamos aumentar os investimentos públicos, que são baixíssimos”, criticou Monteiro Neto, lembrando que os gastos correntes do governo, principalmente com pessoal, não deixam espaço para desembolsos com investimentos.


De acordo com a CNI, o consumo das famílias deve subir 5,6% em 2010, contra uma expansão 3,7% em 2009. A CNI também está otimista em relação à taxa desemprego. A previsão é de queda de 8,1% em 2009 para 7,6% em 2010. Para os salários, a entidade prevê um aumento de 5%.


Armando Monteiro Neto não acredita em sobressaltos no mercado provocados pelo processo eleitoral de 2010: “Os dois candidatos com maior chance, pelo menos do que é possível identificar, não estão propondo mudanças radicais. Nenhum deles explicitou que é preciso mudar os pilares da política macroeconômica: metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário.”


SUPERÁVIT
Diferentemente do governo federal, a CNI espera que o superávit primário fique em 2,6% do PIB em 2010. A meta da equipe econômica para o ano é de 3,3%. “Tenho muitas dúvidas de que (a meta) será alcançada, mas o governo insiste em dizer que tem o compromisso. É desejável que aconteça, mas não é o que estamos projetando.”


Em termos de política monetária, o resultado do terceiro trimestre – quando o PIB cresceu apenas 1,3%, frente aos 2% esperados pelo mercado e governo –, pode ajudar no controle de preços, segundo um importante integrante da equipe econômica, uma vez que a expectativa sobre inflação pode ficar menor diante de um cenário de atividade um pouco menos forte.


“A política de juros, entre outros, é baseada na expectativa de preços”, argumentou a fonte. A expectativa do mercado é que o Banco Central (BC) voltará a subir a Selic – atualmente em 8,75% ao ano – em meados de 2010.

Da redação - Jornal do Commercio