O lançamento ao mar e batismo do navio João Cândido hoje no Complexo Portuário de Suape abre uma trincheira de investimentos estruturadores em Pernambuco, lastreados pela retomada da indústria naval. O setor brilhou nos anos 1970 quando o Brasil ocupava o segundo lugar mundial na construção de navios. Entrou em decadência nas duas últimas décadas com o sucateamento da frota e a perda da mão de obra especializada. Agora ressurge com o Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota de Navios), lançado em 2004 pela Transpetro, subsidiária da Petrobras. Os pernambucanos não deixaram o cavalo passar selado para se inserir na empreitada. Tanto que batiza hoje o primeiro dos 49 navios encomendados ao Estaleiro Atlântico Sul (EAS).
Para se ter uma ideia da importância econômica da indústria naval, o setor mobiliza hoje recursos de R$ 11,2 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM), e emprega cerca de 230 mil trabalhadores, somando os empregos diretos e indiretos. O Promefprevê a implantação e modernização de dezessete estaleiros no país, com investimentos estimados de R$ 2,3 bilhões e a construção de 253 navios no valor de R$ 8,9 bilhões encomendados pela Transpetro e iniciativa privada. A cadeia produtiva inclui a construção de doze plataformas de petróleo e doze sondas de perfuração. O momento é propício porque os estaleiros em outras partes do mundo estão cheios em função das encomendas feitas durante a crise econômica de 2008. É hora de voltar ao pódio.
Mesmo sem ter histórico de construção naval, Pernambuco mostra que tem disposição para ir à luta na atração desses investimentos intensivos de mão de obra, que geram emprego e renda. Além do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) estão previstos dentro do Promef mais cinco empreendimentos desse tipo. São eles: MPG Shipyards, STX Europe, Construcap, Alusa/Galvão e Tomé-Schahin. "Mesmo sem experiência anterior, o estado avança celeremente para se tornar um produtor desse tipo de indústria de construção de navios e plataformas", destaca o economista Jocildo Fernandes Bezerra, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Faz sentido o otimismo. Segundo Jocildo, com a euforia das descobertas na camada do pré-sal serão demandadas novas encomendas de navios e plataformas para exploração de petróleo, tanto por parte da Transpetro quanto da iniciativa privada, como a venezuelana PDVSA. "O Estaleiro Atlântico Sul vai garantir novas encomendas além de atrair novos investimentos estruturadores", aposta.
Retomada do setor amplia investimentos no estado
31/05/2011